Dia 28 de Junho é oficialmente o dia mundial do Orgulho LGBTQ. A data remonta a revolta de Stonewall, em 28 de Junho de 1969.
Stonewall Inn era um bar gay localizado em Nova York, que sofria batidas policiais constantemente. Normalmente, a policia levava alguns dos freqüentadores presos, geralmente com brutalidade e abusos, mas no dia 28 de Junho de 1969, a comunidade LGBTQ se revoltou e foi para cima da policia.
A chama que começou na madrugada, prosseguiu na manha seguinte, e vários protestos foram feitos no local e ao longo da cidade de Nova York. A revolta de Stonewall é a semente das primeiras paradas gays e foi considerada o marco zero do Movimento do Orgulho LGBTQ.
Em comemoração ao dia do Orgulho LGBTQ, eu juntei dez livros que tem personagens LGBTQs.
Antes de começar a lista, gostaria de ressaltar duas coisas. A primeira é que muitos dos livros que eu escolhi não tem histórias que focam especificamente no fato do personagem ser LGBTQ, muitas vezes isso é o plano de fundo do livro e eles foram escolhidos justamente por isso. A segunda é que os livros que estão aqui refletem as minhas leituras e provavelmente eu não consiga cobrir todas as letras que fazem parte do movimento da maneira que merecia, talvez porque os livros sobre o tema ainda são poucos, ou porque eu os desconheço ou porque eu ainda não os li, então se você tem alguma sugestão, que teve pouca abordagem nessa lista, por favor deixa um comentário aqui para eu ficar conhecendo também. Não é a minha intenção priorizar nenhuma letra na sigla e eu estou sempre disposta a ler livros com pontos de vistas e personagens diferentes.
1- De Profundis, Oscar Wilde (1905): De Profundis é a carta que Wilde mandou para seu, então ex-namorado, Bosie, enquanto estava preso. O detalhe é que Bosie era o motivo de Wilde estar preso, uma vez que era proibido ser gay no Reino Unido naquela época e que Bosie tinha sido o responsável por denunciar Wilde.
O livro é, naturalmente, cheio de amargura e rancor, enquanto o autor culpa Bosie por tudo que deu errado na vida dele. A pior parte da história é que uma vez solto, Bosie foi a primeira pessoa que Wilde procurou.
2- Onde Andará Dulce Veiga?, Caio Fernando Abreu (1990): Caio Fernando Abreu é um dos maiores nomes da literatura LGBTQ aqui no Brasil, praticamente todos os seus livros tem personagens gays. Onde Andará Dulce Veiga? conta a história de um repórter que começa a investigar o desaparecimento de uma antiga cantora e para isso passa pelo submundo paulista, conhecendo diversos tipos de pessoas.
O livro tem personagens gays masculinos e femininos, bissexuais, drag queens e travestis.
Onde Andará Dulce Veiga? ganhou uma adaptação cinematográfica em 2008, com Maitê Proença, Eriberto Leão e Carolina Dieckmann no elenco.
3- Diga Aos Lobos que Estou em Casa, Carol Rifka Brunt (2014): Diga Aos Lobos que Estou em Casa conta a história June, uma menina de 14 anos, que acabou de perder o seu tio favorito, vitima de AIDS. A família de June não comenta sobre isso, sua irmã mais velha parece não sentir falta do tio e June se sente completamente sozinha, até que um dia, o parceiro de seu tio, que a mãe de June odeia, procura a menina.
Embora o personagem LGBTQ não seja o protagonista, o livro traz uma discussão sobre a aceitação da família, sobre o período em que a AIDS era uma epidemia e principalmente sobre o luto, e como existem as mais diversas formas de lidar com ele.
4- Com Amor, Simon, Becky Albertalli (2015) (também encontrado com o título Simon VS a Agenda Homo Sapiens): Em Com Amor, Simon acompanhamos Simon, um adolescente que ainda não se assumiu nem para a família, nem para os amigos, e que se apaixona por um colega de escola, que ele conheceu de maneira anônima na internet.
Com Amor, Simon entrou na lista basicamente porque é uma comédia romântica com protagonista gay e só por isso, já é bem diferente. O livro é super fofinho e é impossível não torcer por Simon. Além disso, a história fala de dilemas da adolescência comum a todo mundo, sejam gays, heterossexuais, bissexuais ou transgêneros.
O livro foi adaptado para o cinema em 2018.
5- Apenas uma Garota, Meredith Russo (2017): Apenas uma Garota conta a história de Amanda, uma menina transgênera, que após ser agredida na sua cidade natal, se muda para a cidade do seu pai. Na cidade nova, Amanda pode finalmente ser quem sempre foi.
Como Com Amor, Simon, Apenas uma Garota nos mostra que ser adolescente é um sentimento universal. O livro toca em temas mais delicados e mais profundos, como o preconceito, o bullying e a relação de Amanda com seu pai, que ainda não a aceitou completamente, mas também tem espaço para romance, amizade e tudo que um livro Young Adult deve ter.
Meredith Russo, a autora também é uma mulher transgênera.
6- Alan Turing: The Enigma, Andrew Hodges (1983): A biografia de Alan Turing, criador do que mais tarde seria o computador e responsável por descobrir o código usado pelos nazistas é um ótimo relato da vida desse homem que foi tão importante, mas que foi praticamente apagado da história, uma vez que ele era homossexual em uma época em que isso era proibido.
7- Azul é a Cor Mais Quente, Julie Maroh (2010) : Azul é a Cor Mais Quente é uma HQ que conta a história de Clementine, uma jovem que ainda está se descobrindo e que se apaixona perdidamente por Emma, uma menina de cabelo azul. O livro acompanha como as duas se apaixonam, o relacionamento das duas e naturalmente, as brigas.
Contrariando o nome do quadrinho, quase não se usa cores quentes no desenho, uma vez que as cores que predominam são o preto e o azul.
O livro virou filme em 2013.
8- Cidade dos Ossos, Cassandra Clare (2007): Cidade dos Ossos está aqui para representar toda a série Os Instrumentos Mortais, de Cassandra Clare.
Os livros contam a história de Clary Fray, uma menina de 15 anos que um dia testemunha um crime, que só ela pode ver, então, ela descobre que talvez ela não seja só uma adolescente comum.
Os personagens gays da saga não são protagonistas, mas é interessantíssimo ler uma série de fantasia com personagens gays. Além disso, Magnus, um dos personagens LGBTQs da série ganhou até um spin off chamado As Crônicas de Bane.
Cidade dos Ossos virou um filme em 2013, e tem Lily Collins e Jonanthan Rhys-Meyers no elenco, já em 2016, a série toda foi adaptada para o netflix com o nome de Shadowhunters.
9- Dois Garotos se Beijando, David Levithan (2013): No livro, somos apresentados a vários casais homossexuais, em diferentes estágios de suas relações. Temos Harry e Craig, que estão tentando quebrar o recorde mundial de beijo mais longo, Avery e Ryan, que acabaram de se conhecer e Cooper, um jovem solitário que cria contas falsas on-line para conversar com homens mais velhos. O livro não se limita só a personagens gays masculinos, e fala sobre preconceito, aceitação e muitos outros assuntos.
10- Sacramento, Clive Barker (1995): Sacramento é provavelmente o livro mais diferente da lista. Ele conta a história de Will, um fotografo famoso, que é assombrado por um trauma de infância. Quando era criança, Will conheceu um casal misterioso e acabou envolvido em um crime.
Sacramento está na lista porque é um livro de terror, com um protagonista gay, mas a sua sexualidade não influi em nenhum momento na trama. O livro é cheio de cenas de sangue e sexo, como já é costume de Clive Barker.
Crédito da imagem: https://www.tabletmag.com/scroll/176505/a-jewish-reading-guide-for-pride-month