Sinopse:Com base em uma profunda e consistente pesquisa empírica, este livro procura recontar, na dimensão da vida cotidiana, o drama existencial e familiar dos tipos sociais mais encontrados na ralé brasileira. Essa é uma “novela” a que os brasileiros ainda não assistiram. O livro também mostra como chegamos a construir uma ciência social dominante conservadora, e, mais ainda, a partir dela, um debate público servil ao economicismo hegemônico, que mais esconde que revela dos nossos conflitos sociais mais importantes.
Trata-se de leitura obrigatória a todas as brasileiras e brasileiros que desejam compreender verdadeiramente a sua sociedade.
Fonte: https://www.travessa.com.br/a-rale-brasileira/artigo/7c3e7361-2b12-4882-8295-e0ee2a93cad4
A Ralé Brasileira é um compilado de textos organizados por Jessé Souza, que fala sobre uma classe social Brasileira que não tem qualquer privilegio. O livro aborda temas diversos sobre o assunto.
O livro é dividido em duas partes. A parte 1, O Mito Brasileiro e encobrimento da desigualdade contesta algumas das idéias sobre a sociedade Brasileira que ouvimos desde sempre, como a idéia do jeitinho e a idéia da meritocracia. Jessé Souza explica que embora nos seja dito que quem estuda e se dedica, irá ser recompensado, isso não é necessariamente verdade, que a maioria das crianças e adolescentes da classe baixa não tem a mesma chance que as crianças de classe media ou alta, por diversos fatores. Entre os textos que compõe essa parte do livro, temos textos como A Construção do Mito da “Brasilidade”, Senso Comum e Justificação da Desigualdade, A Tese do Patrimonialismo, entre outros.
A parte 2, O Brasil Além do Mito, Novo Olhar e Novos Conflitos, temos textos de diversos autores diferentes, sobre diversos assuntos. Alguns dos textos da parte 2 são “Do Fundo do Buraco”, de Maria Teresa Carneiro e Emerson Rocha, que fala sobre a vida das empregadas domesticas, A Miséria do Amor dos Pobres, de Emmanuelle Silva, Roberto Torres e Tábata Berg, que fala sobre os dois extremos ao qual as mulheres da classe baixa são submetidas, ou as que se guardam para o “homem certo” e portanto, vêem como seu único valor a virgindade, ou as que acham que seu único valor é o corpo e as habilidades sexuais. O livro também tem textos voltados para os homens, como O Crente e o Deliquente, de Emerson Rocha e Roberto Rocha, que é quase um correspondente ao texto que divide as mulheres entre virgens e prostitutas e O Trabalho que (in)dignifica o Homem, de Fabrício Maciel e André Grillo e fala sobre trabalhos que longe de ser invisíveis, são motivos de chacota e vergonha, não só dos trabalhadores, mas também de sua família, como o trabalho dos catadores de lixo.
A Ralé Brasileira também fala de como as instituições tratam as pessoas da classe baixa, o livro fala sobre a escola pública no texto A Instituição do Fracasso, de Lorena Freitas, sobre o sistema público de saúde, em “Fazer viver e Deixar Morrer”, de Lara Luna e sobre a justiça Brasileira em Má-fé da Justiça, de Priscila Coutinho.
Por fim, o livro também tem textos sobre o racismo, como Cor e Dor Moral, de Emerson Rocha.
É muito legal ser surpreendido por um livro como eu fui por A Ralé Brasileira, não demorou muito para eu estar completamente presa à leitura. Os textos que mais me interessaram foram os que falavam da situação da mulher da “ralé”, como os dois citados lá em cima e um que fala sobre prostitutas, que muitas vezes sustentam sozinhas as suas famílias, chamado a Dor e a Estigma da Puta Pobre, de autoria de Patrícia Ramos. Ficou muito claro para mim durante a leitura, que embora todas as mulheres sofram machismo em maior ou menor grau, isso é muito maior e muito mais sério com mulheres da classe baixa.
Outro texto que me chamou bastante a atenção foi A Instituição do Fracasso, de Lorena Freitas, que aborda o ensino na escola pública e como ele é completamente insuficiente. O texto de Emerson Rocha, Cor e Dor Moral fala de um assunto extremamente doloroso, que é o racismo velado, que muitas vezes acontece dentro da própria casa e me fez pensar muito sobre o assunto.
Também acho importante dizer que o livro é fruto de uma pesquisa de quatro de anos, feita por Jessé Souza e que todos os textos presentes no livro, usam exemplos reais para demonstrar sobre o que eles estão falando. Isso não só traz veracidade aos textos, como também os deixa mais interessante, já que conhecemos as pessoas por trás das estatísticas e queremos acompanhar suas vidas, mesmo que seja só o pedaço destacado no texto.
Por ser um livro de sociologia pode dar a impressão de que a leitura é difícil e até maçante, mas não é verdade, todos os textos podem ser facilmente entendidos, inclusive pelo público leigo no assunto, e como todos eles são muito bem escritos, a leitura é rápida e muito interessante, além de claro, uma fonte enorme de conhecimento.
A editora responsável pela edição de A Ralé Brasileira é a Editora Contracorrente, o trabalho deles está extremamente bem feito, o livro é bonito, e a capa é feita de um material fácil de se conservar. A parte de dentro também tem uma fonte boa e é organizada, deixando a leitura ainda mais fácil.
A Ralé Brasileira é um livro que pode abrir horizontes, fazer refletir e que merece ser lido pelo maior número possível de pessoas.
título: A RALE BRASILEIRA
isbn: 9788569220374
idioma: Português
encadernação: Capa flexível
formato: 15,5 x 23
páginas: 512
ano de edição: 2018
edição: 3ª
autor: Jesse Souza
Editora: Contracorrente
Fonte: https://www.travessa.com.br/a-rale-brasileira/artigo/7c3e7361-2b12-4882-8295-e0ee2a93cad4
Crédito das imagens: Fernanda Cavalcanti
O Fabrício Maciel é meu professor de Sociologia na UFF Campos. Que legal ele ter feito parte dessa obra do Jessé Souza!
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Gostei muito desse livro!
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