Não Há Crime nas Montanhas e Outros Contos de Suspense é uma coletânea que reúne cinco contos de Raymond Chandler – A Cortina, Procurem a Garota, O Homem que Gostava de Cachorros, O Rei de Amarelo e claro, Não há Crime nas Montanhas- que não se relacionam diretamente entre si, mas que se conversam.
O primeiro motivo que conecta os contos, além deles terem sido escritos pelo mesmo autor, é o fato de que todos se encaixam no gênero do policial ou do noir, além disso, três contos que tem como protagonista o mesmo detetive, Carmady.
É obvio que não é preciso falar muito sobre Chandler, que é um dos maiores nomes da literatura policial, e por isso, é sempre interessante entrar em contato com a sua obra.
Os contos em si não são exatamente originais, especialmente atualmente, onde já se leu uma diversidade de histórias policiais, que estão cada vez mais requintadas, isso não tira o mérito ou a importância de Chandler, é claro.
O que você vai encontrar em Não há Crime nas Montanhas e Outros Contos de Suspense é o clássico do noir: detetives dúbios, mulheres sedutoras e crimes violentos. Para quem é fã do gênero e acha que nunca é demais ler sobre isso, o livro certamente é uma boa pedida, já para quem não gosta de narrativas com assassinato, crimes, roubos e violência, o livro pode não agradar tanto.
Um dos pontos interessantes de Não há Crime nas Montanhas e Outros Contos de Suspense é que muitas vezes os contos começam com os seus respectivos detetives procurando crimes simples, nada muito elaborado e sequer violento, como por exemplo, encontrar um homem que saiu de casa um dia e nunca mais voltou. É ao longo das investigações desses crimes pequenos que os personagens vão se deparando com crimes maiores e mais interessantes.
A escrita de Chandler também é ótima, mas ás vezes, é um pouco difícil se conectar com as tramas, especialmente porque elas não são muito descritivas e porque entramos em contato muito rapidamente com os personagens. Os investigados, suspeitos e vítimas aparecem de maneira muito rápida e não chegam a se aproximar dos leitores e até o detetive, que supostamente é o protagonista do conto e no caso de Carmady, aparece em três contos, não tem muito profundidade.
Essa é uma técnica do gênero noir, que não se aproxima menos e apenas explana os personagens. Conhecemos os detetives apenas no ambiente de seus trabalhos e eventualmente uma namorada ou esposa, mas nunca temos acesso aos sentimentos dele. Ao mesmo tempo que isso nos afasta do personagem, também faz com que o leitor esteja completamente focado no caso que está sendo investigado.
Para quem está acostumado com tramas policiais, os contos de Não Há Crimes na Montanhas e Outros Contos de Suspense podem soar um pouco repetitivos, mas é verdade que os fãs do gênero, desejam ler mais e mais conteúdo, então, a tendência é que eles gostem do livro.
Não Há Crime nas Montanhas e Outros Contos de Suspense foi minha primeira experiência com Chandler e eu não me senti muito presa as tramas, embora a leitura tenha sido bem fácil, o que somada ao tamanho do livro, fez com que eu terminasse a leitura de maneira bem rápida. Talvez essa sensação tenha surgido justamente porque as minhas expectativas em relação ao autor eram muito altas.
Independente disso, Não Há Crime nas Montanhas e Outros Contos de Suspense é um livro que cumpre o que promete e entrega tramas policiais, que provavelmente vão agradar o leitor fã do gênero.
Título no Brasil: Não Há Crime nas Montanhas e Outros Contos de Suspense
Título original: No Crime in the Mountains
Autor: Raymond Chandler
Gênero: Policial, Noir, Suspense
Ano de lançamento: 1941
Editora: Best Seller
Número de Páginas: 350
Foto: Fernanda Cavalcanti