Um casal brasileiro e seus respectivos pais ganham passagens para Nova York, enquanto eles visitam pontos turísticos da cidade, se perdem e brigam, eles acompanham um festival de teatro musical, com uma série de números da Broadway.
Um Dia na Broadway tem um conceito muito simples, o espetáculo quer apresentar diversos musicais em um período curto de tempo. Ao invés de se dedicar a adaptar um musical inteiro, com todos os seus números- bons ou ruins, chatos ou legais- a peça se preocupa apenas em destacar momentos.
Para isso, existe uma história que liga todos eles, que é bem fraquinha. No caso dessa montagem especifica, acompanhamos um casal que ganhou uma viagem para Nova York, junto com a mãe dele e o pai dela e que estando na cidade, resolve ir a um festival de teatro musical. A família é uma família retratada como tipicamente caipira, ninguém fala inglês, todo mundo fala com o R puxado, e eles, naturalmente se metem em uma série de confusões.
A interação entre a família e a história deles é bem chatinha e embora possa ser divertida no começo, vai ficando um pouco sem graça ao longo do tempo, isso se deve também ao fato de que as piadas são repetidas muitas vezes e que na segunda vez, a plateia já sabe o que vai acontecer. Quando o pai e a mãe chegam ao festival, sem os seus filhos, que se perderam, a lanterninha do teatro reclama que eles são brasileiros e fazem muito barulho, quando o casal chega depois, a piada é exatamente a mesma.
Outra questão é que os números musicais são muito mais interessantes do que a família perdida em Nova York e boa parte da plateia está no teatro para ver isso, e toda aquela enrolação da família vai se tornando meio chata. Não que seja um problema que a peça tenha uma história por trás, a ideia é interessante, a questão é que em muitos momentos, a interação da família toma muito tempo.
Também é importante ressaltar que o problema não é a atuação dos atores, que estão bem e dentro dos seus personagens, mas sim da dinâmica da peça mesmo.
A verdade é que Um Dia na Broadway é um grande catalogo de musicais, o que é uma boa ideia e que automaticamente atrai qualquer pessoa que seja fã do gênero. A peça apresenta, por exemplo, números de musicais como Cabaret, Hair, Priscilla, a Rainha do Deserto, Grease- Nos Tempos da Brilhantina, Chicago, Mary Poppins, A Bela e a Fera, Evita, Mamma Mia e outros.
É interessante acompanhar uma peça que tem esse conceito, porque você não precisa necessariamente assistir as partes do musical que não gosta e provavelmente vai ver um número musical que gosta, uma vez que os números escolhidos para a peça são em sua maioria as músicas mais famosas e mais queridas.
Outro ponto importante é que nem todo mundo tem acesso a musicais, primeiro porque a explosão de teatro musical no Brasil é um fenômeno relativamente recente, e até pouco tempo atrás a audiência brasileira estava condicionada a conhecer só as adaptações cinematográficas de musicais, e segundo porque obviamente poucas pessoas tem condições de irem até Nova York e assistir um musical ao vivo, e mesmo as que vão a cidade, não necessariamente vão a Broadway. Um Dia na Broadway supre uma parte dessa demanda.
Claro que a peça apresenta uma série de musicais que são muito conhecidos e que, em sua maioria, tem adaptações cinematográficas, mas mesmo uma pessoa que assiste filmes musicais com frequência e que gosta do gênero, pode não ter acesso ao musical original e muito menos a sua montagem no palco, mesmo quando um musical da Broadway ou off- Broadway chega ao Brasil, os ingressos são caros e ele nem sempre e muito divulgado.
Mesmo assim a peça tem restrições, embora os seus ingressos não sejam caríssimos, e passem longe dos preços de algumas peças musicais, eles ainda não são acessíveis para todo mundo e seria muito interessante que fossem, uma vez que pode apresentar o mundo dos musicais para uma grande parcela da população.
Os números musicais apresentados são muito bem feitos, com coreografias e figurinos parecidos aos dos originais. Mesmo que a gente não assistia à peça inteira, eles ainda emocionam e deixam a plateia completamente imersa na cena, como acontece com frequência quando se assiste a um musical no teatro.
A peça também usa de outras músicas, como Welcome to New York, de Taylor Swift, Money, do Dire Straits, On Broadway, de George Benson, entre outras, que tem seus próprios números musicais.
A sensação que a plateia tem é que ela também participou do tal festival de teatro de musical, e que também teve acesso a uma série de musicais. Seria mais efetivo, no entanto, que os momentos da família fossem pontuais e menores, para que a plateia não tivesse a sensação de que está perdendo tempo assistindo aquela interação, quando podia estar assistindo a outro número musical.
A produção da peça também é muito boa, ela usa de efeitos, como imitar a neve caindo do teto e tem cenários bem feitos, que replicam pontos turísticos de Nova York, mas é importante ressaltar que algumas cenas não conseguem ser vistas completamente do balcão.
O saldo final é de uma boa ideia, e uma boa montagem que consegue apresentar uma série de musicais ao público, embora os intercale com partes menos interessantes.