“Melhor se acostumar com isso. A melhor coisa que você pode fazer é se chamar de sapatão. Sapata, cola-velcro, fanchona. Todas as palavras que usam para te odiar, você pode usar para se divertir. Reivindique-as. De modo que elas não possam ser usadas contras você”
Holland Jaeger tem a vida perfeita: ela é Presidente do Conselho Estudantil, está prestes a ir para uma boa universidade e tem o namorado perfeito. Mas tudo muda quando Ceci Goddard chega na escola.
Ceci é divertida, inteligente, bonita e assumidamente lésbica. Holland e Ceci ficam cada vez mais próxima e Holland começa a notar que está se sentindo atraída por Ceci e logo as duas começam um relacionamento.
Mas Ceci mesmo sendo assumida, não quer que ninguém saiba do relacionamento das duas ou sequer que Holland é homossexual.
Não Conte Nosso Segredo começa como boa parte dos livros young adults, Holland é uma estudante, popular e divertida, repleta de amigos e com um namorado que é, aparentemente perfeito. As coisas começam a mudar um pouco quando Ceci entra na história.
Ceci é o oposto de Holland e ainda por cima, é assumidamente homossexual, ela fala sobre isso abertamente, anda com camisetas que proclamam o seu orgulho e quer criar um clube para estudantes LGBTQ+ na escola.
Holland se sente atraída por Ceci e logo as duas começam um relacionamento. O livro dá uma pequena travada nesse momento, já que, até ali, Holland era uma menina heterossexual, com um namorado sério e que aparentemente nunca tinha pensando que sequer podia ser homossexual, então, quando ela conhece Ceci, ela se sente atraída pela menina e começa a se questionar.
No entanto, os questionamentos são muito rápidos, o que é estranho, porque uma menina que até aquele momento vinha levando a vida como heterossexual certamente se sentiria confusa quando percebe, ou quando resolve assumir, que não é heterossexual.
Holland flerta abertamente com Ceci, o que soa um pouco precipitado vindo de uma menina que nem era assumida e aparentemente nem sabia que era lésbica.
O romance das duas então começa, e Holland parece mais do que disposta a se assumir, embora ainda tenha dificuldades de falar sobre isso com as pessoas mais próximas, e então, Ceci, que era orgulhosamente assumida, pede que Holland não fale do relacionamento das duas com ninguém. A contradição, nesse caso, é interessante e tem algum sentido ao longo do livro, porque mostra que mesmo Ceci, que é assumida e tem orgulho disso, tem seus momentos de dúvida e de medo.
A autora consegue construir um casal interessante e que o leitor quer acompanhar, o que é muito importante em um livro como esse. Além disso, ela traz outros temas que são importantes e que falam com jovens LGBTQ+, como o preconceito, a dificuldade e o medo de se assumir para a família, a aceitação por parte dessas pessoas e o primeiro amor.
A leitura de Não Conte Nosso Segredo também é bem fácil e rápida, a história é relativamente simples, e embora beba bastante na fonte do romance, tem outras questões que extrapolam o gênero e que são importantes de serem retratadas, mas o leitor fica de uma certa maneira preso no livro e querendo saber o que vai acontecer.
O livro é voltado para o público adolescente, especialmente os LGBTQ+, e nesse sentido, funciona muito bem, mais ou menos como uma comédia romântica, com aspectos mais sérios.
Não Conte Nosso Segredo é um romance que traz um casal bem-escrito e para quem o leitor pode torcer, e consegue inserir questões importantes que dizem respeito a vida da população LGBTQ+.
Título no Brasil: Não Conte Nosso Segredo
Título Original: Keeping You a Secret
Autora: Julie Anne Peters
Tradutora: Cristina Lasaitis
Gênero: Romance, drama
Ano de lançamento: 2003
Editora: Hoo Editora
Número de Páginas: 352
Foto: Fernanda Cavalcanti