livros

Quase uma Rockstar, Matthew Quick

“- Não é justo

– A vida não é justa. Você tem razão.

– Então por que devemos ser justos?

– Porque podemos “

Amber Appleton tem dezessete anos e vive em ônibus escolar com a mãe e seu cachorro. Elas quase nunca têm o que comer e a mãe passa mais tempo fora de casa bebendo, do que com Amber.

Independente disso Amber mantém um otimismo inabalável e se autoproclama a princesa da esperança, até que uma tragédia atinge a garota e toda a sua personalidade muda.

Quase uma Rockstar é narrado em primeira pessoa pela própria Amber. A conhecemos como uma adolescente animada e feliz, que mesmo tendo uma vida dificílima, não perde as esperanças. A mãe de Amber é alcoólatra e viciada em drogas, e a menina desconfia que ela também esteja anoréxica, além disso, ela se envolve com uma série de homens complicados e estúpidos, em troca de lugar para morar. O último namorado da mãe de Amber as expulsou do apartamento onde ele vivia, o que fez com que as duas e o cachorro fossem viver em um ônibus escolar.

Amber quase nunca tem comida, mas ela come e toma banho na casa de Donna, mãe de Ricky, um colega autista da escola de Amber, de quem ela é amiga. Além disso, Amber ainda faz visitas periódicas a um asilo, ensina inglês na igreja para um grupo de mulheres coreanas e sempre faz companhia a um militar aposentado.

No começo do livro, Amber é tão otimista, que chega a ser irritante. Embora ela se preocupe com a mãe, ela sempre se convence que tudo vai melhorar um dia, o leitor, por outro lado, não tem tanta certeza.

Tudo muda para Amber quando uma tragédia terrível a atinge e ela para de fazer tudo o que fazia, começa a ignorar seus amigos e trata mal quem vai visita-la. É então, que a personalidade de Amber muda quase que cem por cento.

Isso não é exatamente um problema, já que tem uma justificativa bem relevante por trás da mudança de comportamento da protagonista e que o assunto principal do livro parece ser a depressão.

O que Quick faz em Quase uma Rockstar é pegar uma personagem que é um exemplo de otimismo e transforma-la em uma pessoa deprimida. A ideia funciona porque o leitor pode ver com muita clareza as diferenças entre o que Amber era e o que Amber se torna. Como lemos o livro do ponto de vista da própria Amber, também estamos dentro daquela mente com depressão e podemos entender melhor. Óbvio que o livro não é um tratado sobre a depressão e nem é cientifico, por isso, nem tudo que está nele é absolutamente real, mas tem bastante informação realista.

É interessante que o livro aborde um tema tão relevante quanto a depressão, mas a obra tem alguns problemas.

A construção da personagem principal, por exemplo, é bem irrealista. Amber não tem um momento de tristeza antes que a tragédia aconteça, mesmo com a sua vida em ruinas, ela se mantém firme e forte e isso soa um pouco absurdo. Essa é uma questão que pode passar batida se pensarmos em Amber quase como uma alegoria para dizer que qualquer pessoa pode ficar deprimida ou para dar mais ênfase as características da depressão.

A reação das pessoas ao redor de Amber é outro problema. Que Donna seja gentil com ela e deixe ela praticamente morar na casa dela, é super razoável, afinal, Amber é uma das poucas pessoas na escola que trata Ricky bem, mas todas as outras pessoas da vida de Amber são imensamente boas, o que também não soa muito verdadeiro.

O livro tem basicamente um personagem que é uma pessoa terrível, todas as outras pessoas são automaticamente contagiadas pela alegria de Amber.

Outra questão que é confusa, pelo menos para o leitor que não está acostumado com escolas americanas, é o fato de Amber, Ricky e um grupo de outros garotos passarem um tempão em uma sala na escola onde eles só jogam videogame. O livro até deixa claro que esses adolescentes ainda frequentam aulas comuns e é impossível saber se é comum ter videogames em escolas americanas, mas para um leitor brasileiro, toda essa situação soa bem absurda. Isso não é exatamente um problema, mas sim uma questão cultural, que confunde um pouco as coisas.

A leitura, por outro lado, é bem fácil e bem rápida, o livro também é relativamente curto, o que ajuda. Ele tem uma pegada de livro adolescente, o que talvez fosse a ideia inicial do autor, mas que não é exatamente um problema, o livro funciona à sua maneira.

Escrito de maneira quase alegórica, Quase uma Rockstar é um livro que trata de um assunto importante, de forma diferente e que tem sentido dentro da própria obra.

Título no Brasil: Quase uma Rockstar

Título original: Sorta Like a Rock Star

Autor: Matthew Quick

Tradução: Carolina Selvatici

Gênero: Young Adult, Contemporâneo, Drama, Comédia

Ano de lançamento: 2018

Editora: Intrínseca

Número de Páginas: 256

Foto: Fernanda Cavalcanti

Um comentário em “Quase uma Rockstar, Matthew Quick”

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s