“As melhores boates fazem você sentir que elas são o centro do universo, de um universo que, sem elas, seria frio e sem vida. Fazem com que uma noite frívola se torne necessária, prenhe de vida. É um espaço de comunhão no qual as pessoas, as artes das paredes, a arte em toda volta, a dança, a conversa, a música e a teatralidade vibram na mesma frequência e lá está você, e a totalidade do seu ser, vibrando também”.
Le Freak acompanha a vida de Nile Rodgers, integrante e criador da banda Chic e produtor de hits como “Le Freak”, “We Are Family”, “Good Times, “Let’s Dance”, “Like a Virgin”e “Get Lucky”.
Le Freak é uma autobiografia, então, escutamos a história da boca do próprio Rodgers e claro do seu ponto de vista. O livro começa até antes do nascimento de Rodgers, já que ele fala sobre os seus pais e como eles se conheceram, passa por sua infância, adolescência, vida adulta, sucesso e chega até os dias de hoje.
Rodgers vem de uma família de baixa renda, sua mãe engravidou ainda na adolescência e ele foi praticamente criado pelas duas avós, embora seus pais nunca tenham se casado e Rodgers tenha visto seu pai bem esparsamente durante os anos.
Ele também viveu um tempo com sua mãe e seu padrasto, que era viciado em heroína e acabou viciando a mãe de Rodgers com o tempo. Le Freak segue acompanhando a adolescência de Rodgers, assim como suas primeiras experiências e o começo do seu interesse por música.
O leitor acompanha o surgimento da primeira banda de Rodgers e o sucesso que se seguiu depois do lançamento da música Le Freak.
Le Freak é sim uma biografia musical, mas ela é bem diferente de livros focados em astros ou estrelas do rock, já que ela acompanha um produtor musical. Rodgers fez parte de uma banda e é bem conhecido na sua área, mas não é tão conhecido do público geral, por isso, o que ele narra no livro são mais os bastidores da música.
Isso não significa que ele não tenha histórias para contar, e nem que suas histórias não estejam bem próximas das histórias que circundam astros do rock. A vida de Rodgers também é repleta do clássico sexo, drogas e Rock ‘n’ Roll e algumas das coisas que ele conta no livro são até mais extremas do que muitas histórias envolvendo astros do rock.
Le Freak, no entanto, tem poucos momentos no palco, embora tenha muitos momentos de gravação e de bastidores. Rodgers conta as suas histórias com pessoas como Diana Ross, Madonna e David Bowie, entre outros.
Como o livro é escrito pelo próprio Rodgers, que não é escritor, a linguagem é simples e bem próxima da fala, a sensação que se tem é que estamos ouvindo Rodgers contar sua história e por isso, nos sentimos muito próximos dele e das pessoas que aparecem ou são citadas em Le Freak.
Le Freak é um livro extremamente recomendado para quem se interessa por música de uma maneira geral, como o livro é uma autobiografia de alguém que está mais nos bastidores da indústria musical, ele não tem tanto apelo quanto a biografia ou autobiografia de algum cantor muito famoso, mas como Rodgers fala de muitas pessoas, ele pode agradar um grande público.
Para alem disso, a vida de Rodgers é muito interessante e quase surreal, o que também prende o leitor.
Le Freak apresenta uma história muito instigante e uma é uma leitura fácil e divertida, mesmo quando fala de assuntos pesados, que pode entreter qualquer pessoa.
Título no Brasil: Le Freak
Título Original: Le Freak: An Upside Down Story of Family, Disco, and Destiny
Autor: Nile Rodgers
Tradução: Cristiano Botafogo
Gênero: Autobiografia, Biografia, Música
Ano de lançamento: 2011
Editora: Zahar
Número de Páginas: 310
Foto: Fernanda Cavalcanti
Além da Toca do Coelho 