“Não é a homossexualidade que tem que se justificar, é a homofobia, portanto, nós não respondemos mais matérias desse gênero, nós não falamos mais com vocês nessa base e, se vocês querem falar conosco agora, vai ser sobre casos de homofobia, é isso que vai ter que justificar de alguma maneira, porque não tem justificativa, portanto, é atrás dessas pessoas que vocês têm que ir, não é o homossexual que tem que ser mostrado, é a discriminação”
Que os Outros Sejam o Normal analisa o ativismo LGBTQIA+ em países europeus e sul-americanos, através de entrevistas com diversos ativistas.
Que os Outros Sejam o Normal é um livro de não ficção, que tem como intenção refletir sobre o ativismo e a resistência LGBTQIA+ em alguns países.
O livro aborda as conquistas que a população LGBTQIA+ alcançou nos últimos anos e o quanto disso se deve ao ativismo. O livro é dividido em três partes: Flertes, Transas e O Cigarro.
Em Flertes, o autor fala sobre os planos dos ativistas que ele entrevistou, em Transas, ele conta como esses planos foram colocados em pratica e em O Cigarro, ele reflete sobre como a sociedade mudou, ou não, depois dessas conquistas.
O interessante de um livro como esse é justamente perceber como mundo evolui com o tempo, mesmo que seja necessária muita luta para isso, além disso, é bem legal notar a diferença entre os países que são retratados e em como eles mudam de maneira mais rápida ou mais lenta.
Também é importante ressaltar que o livro não reproduz as entrevistas. Leandro Colling escreveu textos a partir das entrevistas, onde ele fala não só sobre os assuntos abordados pelos entrevistados, como também da evolução na sociedade referentes a esses temas. Colling não fala só de questões que dizem respeito a população LGBTQIA+, mas também de outras mudanças nos países abordados.
A escrita de Colling é bem prazerosa e a sensação que o leitor tem é que estamos participando de uma conversa com o autor, ele não usa palavras complicadas e nem faz com que Que os Outros Sejam o Normal pareça uma tese complexa, qualquer pessoa pode ler e entender com facilidade. Aliais, Colling faz um chamado no começo do livro para que se escreva de maneira mais simples e que se usem menos metáforas para coisas do nosso dia a dia, o que claro funciona muito bem para um livro de não ficção, que fala sobre um assunto importante e que precisa atingir o maior número de pessoas possíveis, mas não tanto para um livro de ficção, que exige uma escrita mais poética e mais bonita.
Claro que Que os Outros Sejam o Normal é um livro que vai agradar bem mais quem já se interessa pelo assunto, ou quem faz parte da população LGBTQIA+ ou que é ativista e defende essa causa, mas pode tocar qualquer pessoa, uma vez que Colling fala de temas humanos que dizem respeito não só a população LGBTQIA+, mas a qualquer pessoa que deseje viver em um mundo mais justo, onde o direito de todos, independentemente de gênero, raça ou sexualidade é garantido.
Que os Outros Sejam o Normal é um livro que aborda um tema que deve ser discutido não só por quem já está envolvido nas causas LGBTQIA+, mas também por quem não conhece muito.
Título no Brasil: Que os Outros Sejam o Normal
Título Original: Que os Outros Sejam o Normal
Autor: Leandro Colling
Gênero: Sociedade e cultura, História, Não ficção, LGBTQIA+
Ano de lançamento: 2015
Editora: Edufba
Número de Páginas: 268