Na terceira temporada de Anne com um E, Anne (Amybeth McNulty) se mostra cada vez mais interessada em saber mais sobre seu passado e seus pais biológicos, o que preocupa Marilla (Geraldine James) e Matthew (R.H. Thomson).
Ao mesmo tempo, ela enfrenta o seu último ano na escola e precisa decidir o que quer fazer no futuro, enquanto seus colegas experimentam as primeiras paixões e primeiros beijos, Anne ainda arruma tempo para defender as ideias em que acredita.
Anne com um E é inspirada em Anne de Green Gables e nos outros livros da série, escritos por L. M. Montgomery.

Anne completa dezesseis anos logo no primeiro episódio dessa temporada e é isso que dita toda a trama. Pela primeira vez, ela começa a se perguntar sobre o seu passado e quer descobrir se seus pais morreram ou se ela foi abandonada no orfanato onde antes vivia, Anne então, resolve voltar ao lugar e tentar encontrat alguma coisa sobre o seu passado.
Não é só Anne que está mais próxima da idade adulta, seus colegas e amigos passam pelo mesmo processo, Gilbert (Lucas Jade Zumann) agora tem certeza que quer ser médico e começa a fazer planos para o futuro, que inclusive envolvem Winifred Rose (Ashleigh Stewart), filha de um médico da região, que ele começa a cortejar. Diana (Dalila Bela) precisa decidir se vai seguir seus sonhos e ir para a faculdade ou se vai fazer o que seus pais querem que ela faça e ir para a escola de moças em Paris. Ela também começa a gostar de Jerry (Aymeric Jett Montaz), que trabalha na fazendo de Matthew e Marilla e que é mais pobre que ela e não tem a aprovação de sua família.
Josie Pye (Miranda McKeon) e Billy Andrews (Christian Martyn) estão quase certos de que vão se casar assim que a escola acabar.

A terceira temporada parece querer usar das escolhas pessoais de seus personagens, como forma de mostrar que eles cresceram e estão pensando por si mesmos. Todos eles, de uma maneira ou de outra, desafiam seus pais: Anne quer saber mais sobre seus pais biológicos, Diana quer ir para a faculdade e Prissy Andrews (Ella Jonas Farlinger), que fugiu do casamento na temporada anterior, foi para a faculdade e reaparece segura de si e querendo assumir a fazenda do pai.
Anne é uma personagem muito moderna, que conversa muito mais com os jovens dos dias de hoje do que com os jovens da época em que a série se passa. Essa adaptação é feita especialmente para a série, que é uma versão um pouco mais adulta do livro infantil de L. M. Montgomery. Em temporadas anteriores, a atração já falou sobre os direitos das mulheres, os direitos LGBTQIA+ e os direitos dos negros, ideias que nem viriam à tona na época em uma situação real.
A intenção do roteiro de Anne com um E parece ser justamente esse: abordar temas atuais através dessas personagens que viveram a muito tempo e Anne é especialmente preocupada com questões sociais. Nessa temporada, Anne começa a escrever para o jornal na escola e suas matérias abordam temas como os direitos das mulheres, que ela compara com propriedades, uma vez que são praticamente “trocadas” por dotes na época de seus casamentos e os direitos indígenas, já que ela entra em contato com uma tribo que vive na região e claro, se torna amiga deles.

A série inclusive mergulha em um tema um pouco mais sério, a maneira com que os indígenas foram tratados no Canadá. Ka’kwet (Kiawenti:io Tarbell), uma menina indígena de quem Anne fica muito próxima, convence seus pais a mandarem para a escola, mas uma vez lá, ela ganha um nome católico e precisa aprender a “deixar de ser indígena”.
Anne com um E também passa a dar bastante destaque aos romances e flertes dos jovens, o que, embora bem escrito, se torna uma questão menor perto de todos os assuntos que a atração traz à tona. No entanto, é óbvio que essas questões atraem os fãs que vem torcendo por casais desde a primeira temporada e como a terceira é também a última temporada, parece natural que o roteiro explore essa vertente.
Como nas temporadas anteriores, Anne com um E é um trabalho muito bem feito, tanto no seu roteiro, que consegue modernizar a obra original, mas ainda mantém o mesmo clima, quanto nas suas partes técnicas. Os cenários da série são lindos e retratam muito bem esse pequeno universo onde os personagens vivem, a produção é cuidadosa em relação aos figurinos também, que retratam bem a época.

Nessa temporada, Anne já não se veste mais como uma menina e passa a usar vestidos mais adultos, e o cabelo mais solto e menos em tranças como ela usava nas temporadas anteriores. A mudança exterior é importante para retratar a mudança interior e o crescimento da protagonista.
A série tem ainda boas atuações. O elenco todo, especialmente o jovem, é muito bom e se sai muito bem, Amybeth McNulty, que interpreta Anne é quem mais chama atenção, é muito fácil se apegar a sua personagem, que é muito adorável e que acredita piamente nas suas crenças e nunca solta delas.
Anne com um E termina sua última temporada mostrando o crescimento de seus personagens, ainda que eles se mantenham fieis a suas origens e dando aos telespectadores a certeza de que tudo ficou bem.
Título no Brasil: Anne com um E
Título original: Anne With an E
Elenco: Amybeth McNulty, Geraldine James, R.H. Thomson, Dalila Bela, Corrine Koslo
Gênero: Drama
Duração do episódio: 60min
Número de episódios: 10
Ano: 2019