Luan precisa retornar a sua cidade natal, Santa Serena, porque seu avô está muito doente. Ele leva junto seus filhos gêmeos, Pedro e Julia, que nunca conheceram o bisavô.
Santa Serena é famosa pela suposta aparição de uma sereia, lenda que é contada por todos os habitantes da cidade. Luan é cético e não acredita em nada disso, mas quando se vê mais uma vez em Santa Serena, começa a se questionar sobre a existência desses seres misteriosos.
As sereias são criaturas que existem nas mitologias e nas lendas de praticamente todos os países do mundo. Na mitologia grega, por exemplo, elas são representadas como meio mulheres e meio pássaros, com cantos poderosos e sedutores o suficiente para seduzir os marinheiros, já na idade média, elas passaram a ser retratadas como a conhecemos hoje: metade peixe, metade mulher. As sereias, na realidade, representavam todos os perigos desconhecidos que os marinheiros encontravam no mar e muito possivelmente, o que os homens antigamente imaginavam serem sereias, na verdade eram só animais marítimos com longas caudas, que foram vistos muito rapidamente.
As sereias são sim, seres assustadores, que podem ter uma bela aparência, mas que seduzem homens e os afogam sem dó, mas foram perdendo essas características mais assustadoras em obras mais recentes, como por exemplo, no desenho da Disney A Pequena Sereia, onde a protagonista não só não apresenta nenhum mal a raça humana, como também deseja se tornar uma. Poucos lugares, nos dias de hoje, retratam a sereias como seres assustadores e raramente elas são usadas como elementos do terror.
Sangue de Sereia, no entanto, segue esse caminho. O livro acompanha Luan, um professor que vive na cidade grande a anos. Viúvo, ele cuida dos dois filhos gêmeos, Pedro e Julia, e mantém contato com sua prima e seu avô, que ainda vivem em Santa Serena, uma cidade litorânea, famosa por uma lenda que envolve sereias.
Luan precisa retornar a Santa Serena porque seu avô está muito mal, e ele quer se despedir e apresentar seus filhos. Uma vez lá, as crianças se veem quase que automaticamente atraídas pela lenda da sereia, que é anunciada em todos os cantos da cidade, e pedem que o bisavô lhes conte mais histórias. Ele, como quase todos os habitantes do local, jura que já viu uma sereia.
Pedro e Julia estão fascinados pela ideia de sereia que eles têm, que é aquela que a mídia mais usa: a da sereia boazinha, que só quer conhecer os humanos. Mas Sangue de Sereia é um livro de fantasia sombria, que explora outros aspectos dessas criaturas, então fica claro que o que iremos encontrar aqui não é a interpretação mais comum da sereia, mas sim uma mais assustadora e, portanto, diferente e também mais interessante.
Luan é extremamente cético e não acredita nas sereias, mas uma vez em Santa Serena, ele começa a sentir uma presença estranha, que o deixa cada vez mais preocupado.
A grande sacada de Sangue de Sereia é justamente trazer para o terror essas criaturas que, atualmente, ganharam contornos mais adoráveis e fantásticos e que povoam a imaginação do grande público de uma maneira diferente do que a lenda original. A ideia não só é diferente e criativa, como também prende o leitor, que quer entender como exatamente são essas sereias.
O cenário ajuda muito a trama, a cidade litorânea não só é o lugar ideal para uma história como essa, como também guarda uma série de mistérios, que o leitor vai descobrindo aos poucos, mas que prendem muito a atenção.
Sangue de Sereia é ainda, repleto de plot twists, que são em muitos aspectos, inesperados, mas que funcionam. Mesmo quando temos certeza que descobrimos tudo, o autor nos presenteia com outro mistério.
A leitura de Sangue de Sereia é fácil e rápida, sua trama segura o público até o final e o fato do livro ser curto também ajuda.
Sangue de Sereia aborda um tema antigo e traz uma nova roupagem para ele, transformando radicalmente tudo que se sabe sobre o assunto.
Título no Brasil: Sangue de Sereia
Título original: Sangue de Sereia
Autor: Rodrigo Fonseca
Gênero: Fantasia sombria
Ano de lançamento: 2021
Editora: Editora Alarde
Número de Páginas: 132
Foto: Fernanda Cavalcanti