“Num país de tradição oportunista e ditadura de classe média, isso é o escândalo. Num país- colônia, deslumbrado com os valores estabelecidos, que poder não possui o artista? E como ele tem recalcada sua criatividade neste país! Como tudo contribui para que cada geração aborte seus artistas e seus revolucionários” – Zé Celso
Tropicália: a história de uma revolução musical faz exatamente o que seu nome indica: explica a história de como a Tropicália, movimento musical surgido nos anos 60, nasceu e se desenvolveu.
Tropicália: a história de uma revolução musical começa falando sobre as prisões de dois dos mais importantes membros do movimento, Caetano Veloso e Gilberto Gil e então volta no tempo para que possamos entender como chegamos nesse ponto.
O livro conta sobre a vida de Caetano e Gil desde de seus nascimentos, de maneira rápida, e aos poucos vai acrescentando a história de outros personagens que foram importantes para o movimento, como Tom Zé, Os Mutantes, Torquato Neto, Maria Bethânia, Gal Costa, entre outros.
A obra é bem didática quando explica como o movimento surgiu, da onde veio a ideia e o que os Tropicalistas pretendiam fazer quando o criaram e também fala de algumas críticas que eles receberam na época, e dos eventuais problemas que tiveram com a ditadura militar, mas Tropicália: a história de uma revolução musical é mais do que só um livro sobre o movimento Tropicalista, uma vez que ele fala sobre as vidas pessoais e profissionais dos membros e sobre questões políticas e sociais do Brasil.
Em muitos sentidos, Tropicália: a história de uma revolução musical é também um livro de história, já que não só fala, de maneira breve, sobre a ditadura e como ela influenciou o comportamento dos artistas da época e eventualmente, o movimento, como também fala sobre as mudanças de costumes dos anos 60.
O livro é bem minucioso tanto quando fala do movimento, como quando fala das vidas dos cantores que fizeram parte dele. O fato de boa parte dessas pessoas ainda estarem vivas e poderem passar informações em primeira mão para o autor ajuda muito, mas é óbvio que existe também muita pesquisa por parte de Carlos Calado, que consegue recriar momentos da história. Tropicália: a história de uma revolução musical tem muita informação sobre música, cultura, política e de maneira geral, sobre a década de 60.
Claro que o livro tem a tendência a agradar quem se interessa por música, pela Tropicália e pelos músicos envolvidos no movimento ou pelo período narrado, mas Tropicália: a história de uma revolução musical é um trabalho tão completo e tão bem escrito que facilmente vai entreter uma gama variada de leitores.
Embora o livro não seja ficcional e em muitos aspectos, se pareça com uma biografia, a leitura é fácil, rápida e muito prazerosa, isso porque o tema é muito interessante e Calado escreve muito bem e de uma maneira que parece que estamos lendo uma história e onde somos capazes de imaginar tudo que o autor descreve.
Tropicália: a história de uma revolução musical é obviamente uma boa escolha para quem gosta de música e tem interesse nos aspectos políticos, sociais e culturais dos anos 60, mas também funciona como um livro de história, que retrata uma época e é uma grande fonte de conhecimento para qualquer pessoa.
Título no Brasil: Tropicália: a história de uma revolução musical
Título original: Tropicália: a história de uma revolução musical
Autor: Carlos Calado
Gênero: Música
Ano de lançamento: 1997
Editora: Editora 34
Número de Páginas: 336
Foto: Fernanda Cavalcanti