1 – Allen Contra Farrow (2021): Em 1992, Woody Allen e Mia Farrow terminaram seu relacionamento de doze anos depois de Farrow ter descoberto fotos de sua filha adotiva, Soon-Yi Previn, nua, no apartamento de Allen. Não se sabe o ano exato do nascimento de Soon-Yi Previn, mas ela tinha em torno de vinte e um anos quando isso aconteceu e Allen tinha cinquenta.
Allen então, ganha o direito de visitar seus filhos com Farrow, Dyaln e Moses, que Farrow adotou sozinha, mas que depois ganharam o nome de Allen, e Satchel, filho biológico do casal, que mais tarde passou a usar o seu nome do meio, Ronan. Durante uma dessas visitas, Allen teria supostamente molestado Dylan, na época com sete anos, que contou para a mãe o acontecido logo depois.
Farrow então, foi atras das medidas cabíveis e Allen negou tudo– como ainda faz até hoje – e assumiu seu relacionamento com Soon- Yi logo depois. Allen Contra Farrow é um documentário dividido em quatro partes que acompanha a relação de Allen e Farrow, a briga entre os dois e analisa as acusações de abuso por parte de Dylan.

Além de apresentar as provas contra e a favor de Allen, o documentário analisa a relação do diretor com Soon – Yi, que muito possivelmente começou quando ela era menor de idade, e destaca como Farrow teve a carreira destruída e foi taxada de louca e de “vingativa” depois que denunciou Allen.
Farrow, Ronan e Dylan dão depoimentos, mas Allen se recusou a participar, o que pode dar a sensação de que Allen Contra Farrow é uma série que aborda só um lado da história, mas as informações que vem à tona são chocantes e reveladoras.
2 – Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime (2021): Em 2012, o Brasil parou para acompanhar o desenvolvimento de um crime chocante: o assassinato de Marcos Matsunaga, herdeiro da Yoki, que tinha sido desmembrado e teve o corpo espalhado pela estrada. As investigações logo apontaram para Elize Matsunaga, a esposa de Marcos, que disse que cometeu o crime em legitima defesa e que o marido era abusivo.

Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime conta a história do ponto de vista da própria Elize, que dá seu depoimento, voltando ao seu passado para tentar explicar o que a levou a cometer um crime tão bárbaro. O resultado é interessante, uma vez que mostra como o casamento de Elize e Marcos era problemático e embora a atração apresente as agruras de Elize, que foi molestada, foi garota de programa e de fato lidava com um marido abusivo, ela também deixa claro que a união entre ela e Marcos só podia dar errado, porque juntava dois perfis terríveis.
3 – Sophie: Assassinato em West Cork (2021): Sophie Toscan du Plantier era uma produtora de documentários francesa, que tinha uma casa de férias em West Cork, na Irlanda. Em 1996, ela foi encontrada morta, com sinais de espancamento, do lado de fora de sua casa e uma investigação sem precedentes começou no local.
O jornalista Ian Bailey foi considerado o principal suspeito e foi inclusive condenado por um tribunal na França, mas a Irlanda nunca autorizou sua extradição. O caso de Sophie nunca foi oficialmente resolvido e Bailey continua dizendo que é inocente, o documentário da Netflix tem depoimentos da família de Sophie e do próprio Bailey fazendo da série um material relativamente imparcial, embora não exatamente conclusivo.

4- Assassinato em Middle Beach (2020): Barbara Hamburg, de quarenta e oito anos, foi encontrada esfaqueada do lado de fora de sua casa, por sua irmã, Conway Beach e sua filha, Ali Hamburg, no dia 3 de março de 2010. Barbara travava uma batalha judicial com seu ex-marido, Jeffrey, que lhe devia muito dinheiro e que nesse mesmo dia, a encontraria na corte para mais uma discussão.
Madison Hamburg, o filho de Barbara, que na época do assassinato tinha dezoito anos, é quem comanda essa série e investiga a morte da própria mãe, passando por vários suspeitos incômodos, para dizer o mínimo, como seu pai e sua irmã e descobrindo informações que ele nunca imaginaria, como o fato de Barbara participar de um esquema de pirâmide, que pode ter provocado a sua morte.
Assassinato em Middle Beach é diferente de boa parte das séries documentais sobre crimes reais, uma vez que é impossível separar a vida pessoal de Madison da investigação, e se em alguns momentos as questões familiares tomam um tamanho maior do que deveriam, também é interessante acompanhar Madison enquanto ele toma um caminho tão difícil quanto esse.

5 – O Caso de Dakota James (2019): A teoria do Smiley face murder foi cunhada pelos investigadores Kevin Gannon e Anthony Duarte e pelo professor de justiça criminal Lee Gilbertson. A teoria conecta o afogamento, aparentemente, acidental, de quarente e cinco jovens, em idade universitária, que foram encontrados em onze estados diferentes. Os casos realmente têm algumas semelhanças, seja no perfil dos mortos – jovens universitários brancos, populares e atléticos -, seja no motivo de suas mortes, seja no fato de todos terem sido vistos por últimos em festas ou bares onde estavam bebendo. Segundo os criadores da teoria, foram encontradas pichações de carinhas sorridentes perto de onde os corpos foram encontrados. Gannon, Duarte e Gilbertson defende que um serial killer ou uma organização de serial killers seria responsável por essas mortes.
A série acompanha seis desses casos – um por episódio -, apresentando depoimentos de familiares e amigos, reconstrução do caso, resultados da autopsia e análise sobre a morte.
O caso é certamente interessante e muito sinistro, mas não existe nenhuma prova real de que essas mortes estejam mesmo conectadas, e a grande maioria dos detetives que investigaram o caso não acreditam na teoria. A teoria tem mesmo algumas falhas, como por exemplo, a quantidade de jovens mortos e o fato de as mortes acontecerem em onze estados diferentes, que só poderiam ser explicados se, pelo menos, duas pessoas fossem responsáveis por esses crimes, o que claro, não é impossível, só é bem improvável. Além do mais, os modus operandis apresentados são diferentes, o que não costuma acontecer com serial killers, que quando mudam seus métodos, mudam apenas detalhes dele.

As mortes, que quase sempre envolvem estudantes que acabaram de sair de festas, muito possivelmente bêbados, poderiam facilmente serem explicadas como afogamento acidentais e as pichações de carinhas sorrindentes são relativamente comuns e poderiam ser só uma coincidência. No entanto, O Caso de Dakota James ainda é uma série que prende o telespectador e que vai agradar quem gosta de investigar e especular sobre crimes reais.