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O Gigante Enterrado, Kazuo Ishiguro

Em uma Inglaterra pós-Arthuriana, Axl e Beatrice, um casal de idosos, resolve sair a procura de seu filho. O vilarejo onde eles vivem, no entanto, vive coberto de uma bruma, que faz com que as pessoas percam a memória, o casal se lembra que tem um filho, mas não se lembra onde ele vive ou sequer o rosto dele.

No caminho, os dois se deparam com uma série de perigos e aventuras, enquanto tentam descobrir o que realmente aconteceu.

A primeira coisa que é preciso ter em mente durante a leitura de O Gigante Enterrado é que o livro se passa completamente em um mundo fantástico, embora no começo, isso não fique muito claro. O cenário é a Inglaterra – que na época era conhecida como Bretanha – depois da morte do Rei Arthur, que motivou o fim das guerras e disputas entre bretões e saxões e só quando esse cenário é exposto que sabemos que a trama não é realista.

Os protagonistas, Axl e Beatrice, no entanto, soam bem realistas. Eles formam um casal já idoso, que resolve sair de seu vilarejo em busca de um filho do qual eles não lembram o nome, a moradia ou a aparência, e isso acontece porque o local é coberto por uma bruma que faz com que as pessoas esqueçam detalhes muito básicos de suas vidas.

A partir daí o casal se coloca em uma espécie de romance de cavalaria, onde os cavaleiros geralmente precisam cumprir uma série de missões e enfrentar várias aventuras antes de serem consagrados cavaleiros, a trama, inclusive, lembra muito a lenda envolvendo Gawain, um dos cavaleiros da Távola Redonda, famoso por enfrentar o Cavaleiro Verde. Nesse sentido, a ideia de Ishiguro e a execução de seu romance é muito bem pensada e muito bem-feita, já que a trama não só faz referências a vários elementos das lendas Arthurianas, como também usa do estilo narrativo dessas histórias.

Rei Arthur, que quando a história começa já está morto, não só é citado, como também tem uma participação importante na trama de O Gigante Enterrado e em muito do que Axl e Beatrice precisam enfrentar. Gawain, sobrinho de Arthur, também aparece em O Gigante Enterrado, agora como um senhor já idoso, que diferente dos protagonistas lembra de algumas coisas e é capaz de guiá-los de certa forma.

É óbvio que a ideia é bem interessante e que o livro moderniza – embora não se passe nos dias de hoje – um gênero que é bem antigo, também é preciso ressaltar o quanto Ishiguro de fato mergulha nesse estilo narrativo e realmente soa como alguém escrevendo uma história que faz parte do ciclo Arthuriano, mas O Gigante Enterrado é um pouco parado e meio confuso. O livro apresenta muitos personagens, que muitas vezes, aparecem rapidamente e dos quais sabemos pouco, o que atrapalha um pouco a leitura.

O livro pode, por outro lado, agradar quem gosta de romances de cavalaria e se interessa pelas lendas Arthurianas, ainda que ele as use como pano de fundo.

O Gigante Enterrado é um livro bem pensado, mas que vai se tornando lento com o tempo e que com seus vários personagens, pode deixar o leitor confuso.

Título no Brasil: O Gigante Enterrado

Título original: The Buried Giant

Autor: Kazuo Ishiguro

Tradução: Sonia Moreira

Gênero: Fantasia

Ano de lançamento: 2015

Editora: Companhia das Letras

Número de Páginas: 400

Foto: Fernanda Cavalcanti

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