“- Nem todos que parecem são humanos – diz ele”
Há vinte anos a humanidade foi infectada por um vírus que transforma as pessoas em zumbis, o que levou ao fim da civilização. Alguns sobreviventes vivem em uma base militar, junto com várias crianças contaminadas, mas que não se comportam como famintos – como os contaminados são chamados -, que são estudados constantemente.
Uma dessas crianças é Melanie, uma superdotada de dez anos, que gosta de mitologia e se dedica com afinco as aulas de Helen Justineau. Melanie não entende por que recebe um tratamento tão frio e porque ela e as outras crianças precisam estar sempre presas e amarradas, mas quando Dr. Caroline Caldwell resolve que vai dissecar Melanie para estudar porque ela não se comporta como uma faminta, Helen se revolta, ao mesmo tempo que um grupo de famintos tenta invadir a base.
A Menina que Tinha Dons é mais um livro que se passa em um futuro não determinado, onde a civilização chegou ao fim, aqui isso se dá através de um vírus, que transforma as pessoas em zombies, que rapidamente perdem a habilidade de pensar e passam a comer carne humana e fazer tudo para conseguir isso. Poucas pessoas não contaminadas sobrevivem e o mundo se divide entre esses poucos sobreviventes, os famintos que vivem nas ruas e um grupo de crianças que estão contaminadas, mas não se comportam como famintos.
Essas crianças vivem uma base militar, onde são estudadas pela Dr. Caldwell, que tenta descobrir por que elas não se comportam como famintas, e onde também estudam com a professora Helen Justineau. Melanie, a protagonista do livro, é uma menina de dez anos, superdotada, que é infectada, mas que não entende por que os militares têm tanto medo dela e que ama a professora.
O livro é narrado de uma série de pontos de vistas diferentes, o primeiro deles é Melanie, que tem a narração mais interessante, porque dá um ponto de vista inovador a um subgênero que já se torna comum, afinal, aqui temos uma criança, que não entende que o apocalipse aconteceu e que não entende por que ela é tratada da maneira que é, e nem quem ela é. A história também é narrada do ponto de vista de Helen, da Dr. Caldwell, do sargento Eddie Parks, o responsável pela base militar e do soldado Kieran Gallagher, que também vive na base.
Livros que falam sobre o apocalipse são relativamente comuns, e na maioria das vezes, eles mudam pequenos detalhes sobre o motivo do apocalipse ou como a sociedade sucumbiu, aqui o autor usa os zombies, embora não use esse nome, mas coloca alguns detalhes distintos, como o fato das crianças se comportarem de maneira diferente, os estudos da Dr. Caldwell também são bem interessantes e o autor escreve de uma maneira compreensível até para quem não conhece muito de ciência ou de medicina.
A Menina que Tinha Dons começa muito bom, a narração de Melanie prende muito o leitor, mas as outras narrações, que não são exatamente criativas, são um pouco mais paradas e com o tempo, o livro vai ficando cansativo.
A obra não é especialmente grande, mas ela vai se alongando, porque o meio não é tão instigante quanto seu princípio. Ainda que criativo, A Menina que Tinha Dons se perde no caminho e cansa o leitor ao longo do tempo.
Título no Brasil: A Menina que Tinha Dons
Título original: The Girl with All the Gifts
Autor: M.R. Carey
Tradução: Ryta Vinagre
Gênero: Terror, Distopia
Ano de lançamento: 2014
Editora: Fábrica231
Número de Páginas: 384
Foto: Fernanda Cavalcanti
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