Um ataque biológico acaba com boa parte da humanidade, mas o médico Robert Neville (Charlton Heston) sobrevive em sua forma humana depois que aplica uma vacina experimental em si mesmo depois de ser contaminado. Neville vive tranquilamente, em uma Nova York completamente isolada, durante o dia, mas durante a noite, outros sobreviventes, que não tomaram a vacina, aparecem.
O grupo de pessoas que rondam a noite se autodenominam como a família e querem matar Neville, que para eles é um representante da ciência, a mesma que seria culpada pelo ataque biológico que destruiu a terra.
Neville acha que é o único sobrevivente ainda humano na terra, até que conhece Lisa (Rosalind Cash) e seu grupo formado, em sua maioria, por crianças, que tenta escapar da família e dos perigos que agora assolam o mundo.

A Última Esperança da Terra é inspirado no livro Eu Sou a Lenda, de Richard Matheson.
A Última Esperança da Terra é o segundo filme – os outros dois são Mortos que Matam, de 1964 e Eu Sou a Lenda, de 2007 – inspirado na obra de Matheson e começa de maneira bem fiel ao livro. Robert Neville é um médico, que antes do cataclisma biológico, estava estudando junto com o exército uma vacina, quando ele também é contaminado pelas armas biológicas, ele se aplica uma vacina e provando que ela funciona, ele se mantém humano. O resto da população humana parece ter morrido e nos primeiros minutos do filme, quando ainda é dia, vemos apenas Neville andando por uma Nova York completamente vazia, ele é uma espécie de dono da cidade.
À noite, no entanto, um tipo diferente de criatura aparece, são as pessoas que foram contaminadas pelas armas biológicas e sobreviveram, mas deixaram de ser humanas. No livro, essas criaturas são chamadas de vampiros, principalmente porque só podem sair à noite, mas elas têm características muito semelhantes ao que na ficção costuma ser um zumbi. Em A Última Esperança da Terra eles não se parecem nem vampiros, nem zumbis, eles são praticamente seres humanos comuns, a diferença é que eles têm peles extremamente brancas – já que não saem de dia – e que eles só podem se locomover durante a noite.

As criaturas do livro não parecem ser muito inteligentes e elas são guiadas por instintos quase animais, embora as mulheres percebam que podem tentar seduzir Neville para que ele saia de casa, já no filme, eles se organizam em um grupo, que se chama de a família e que é terminantemente contra a ciência, já que na concepção dessas criaturas, foi a ciência que os tornou o que são e que destruiu o mundo, por outro lado, eles não tomaram a vacina que Neville tomou e nem querem tomar, eles consideram Neville e a vacina a representação da ciência que eles tanto desprezam.
O filme traz alguns questionamentos que estão presentes no livro: na obra de Matheson também acompanhamos um homem, completamente sozinho na terra e aterrorizado por essas criaturas noturnas, que querem matá-lo a todo custo. Ele não questiona só a solidão mental que ele sente, mas também a solidão física e essas duas coisas estão presentes no longa. Mas se no livro, Neville é um cientista, ainda em luto pela mulher e pela filha, que não sobreviveram ao ataque, que não sabe explicar porque sobreviveu, e que é jogado nessa situação e se vê obrigado a agir como um herói, no filme, ele já tem uma pinta de herói desde o começo.
As duas obras começam a ficar um pouco diferentes do meio para o final e isso se dá mais em função da maneira com que o filme retrata as criaturas, que aqui são organizadas e não só contra Neville, mas também contra a ciência, o que é interessante, já que o protagonista e herói do filme é Neville e se ele representa a ciência para essas criaturas, o grande herói de A Última Esperança da Terra é a ciência. A história do filme mostra que é isso mesmo, já que Neville só se curou porque tomou a vacina experimental.

Tanto A Última Esperança da Terra, quanto Eu Sou a Lenda, o romance de Matheson, foram produzidos no período da guerra fria, quando o grande medo da humanidade era a bomba atômica, não é à toa que o que motiva o terror dessas duas obras seja justamente uma guerra biológica, criada por mãos humanas. Eu Sou a Lenda é conhecido por trazer o terror para um mundo mais atual, ou pelo menos, mais atual para os anos 50, época em que o romance foi publicado, já que antes disso o terror na literatura se concentrava em castelos em pequenos países europeus, ou em lugares que pareciam muito distante de seus leitores, para além da localização, a trama também traz as histórias de terror para os dias modernos e reflete, de maneira exagerada, claro, os medos do período em que elas foram produzidas.
Independente de não ser extremamente fiel a obra, A Última Esperança da Terra é um ótimo filme, as mudanças que foram feitas são muito instigantes e por incrível que pareça, parece falar com os dias de hoje, ainda que tenha sido produzida nos anos 70.

Os cenários do filme são muito interessantes, já que as cenas não se passam apenas dentro da casa do protagonista, mas sim em toda a cidade de Nova York, que estando vazia, parece uma cidadezinha pequena e fantasma. Ele é um filme datado, porque os personagens usam roupas típicas dos anos 70, mas isso não incomoda. A Última Esperança da Terra conta ainda com a boa atuação de Charlton Heston e Anthony Zerbe, que interpreta o líder da família.
A Última Esperança da Terra muda um pouco a trama do livro de Matheson, mas é justamente por isso que o longa consegue falar muito mais com a época em que ele foi feito, e se manter não só como uma boa adaptação – mesmo que não seja totalmente fiel -, um bom filme e um retratado dos medos da década em que ele foi filmado.
Título no Brasil: A Última Esperança da Terra
Título original: The Omega Man
Direção: Boris Sagal
Gênero: Terror, Ficção científica, Fantasia
Ano: 1971
Duração: 1h 38min
Elenco: Charlton Heston, Anthony Zerbe, Rosalind Cash, Eric Laneuville, Paul Koslo