No ano de 1893, uma feira com inovações cientificas, idealizada pelo arquiteto Daniel Burnham, chegou a Chicago. Nesse mesmo período, H. H. Holmes, conhecido como o primeiro serial killer americano, também estava fazendo uma obra: um prédio complexo, com uma espécie de calabouço onde ele podia torturar suas vítimas e depois cremá-las. O prédio era um hotel, que ele modernizou com a ideia de receber visitantes que iriam a feira.
O Demônio na Cidade Branca acompanha a trajetória desses dois homens e como elas se ligam ainda que eles nunca tenham se conhecido pessoalmente, e como essa conjunção representa o século XX.
O Demônio na Cidade Branca é um livro de não ficção, que se encaixa também na categoria de crime real e de história, isso porque ele explora a feira de Chicago e também os crimes de H. H. Holmes, considerado o primeiro serial killer americano. O livro intercala capítulos em que conta sobre Daniel Burnham, o arquiteto que imaginou a feira e capítulos em que conta sobre a vida e os crimes de Holmes.
O livro é bem descritivo, quando ele fala de Burnham e da feira de Chicago, o autor descreve as dificuldades pelas quais Burnham passou para poder realizar seu sonho e tudo que ele teve que abrir mão, o livro ainda descreve os dias em que a feira aconteceu, com todos os problemas que surgiram de última hora, mas também todas as inovações que foram apresentadas na feira.
O autor segue a mesma lógica quando fala da vida de Holmes, ele faz uma espécie de biografia de Holmes e conta sobre sua vida pessoal, casamentos e família, que em várias ocasiões foram vítimas de seus crimes, e seus crimes, que são chocantes. Outro aspecto que ganha bastante destaque aqui é a arquitetura do prédio que Holmes construiu, pensado como um hotel, mas que servia basicamente para atrair vítimas, que eram presas, torturadas e queimadas ali mesmo.
A abordagem de Larson é interessante, a ideia do autor é contar sobre esses dois homens e relacionar suas vidas, ainda que eles nunca tenham se conhecido pessoalmente, a feira de Chicago e os crimes de Holmes, porque claro, existe uma relação. Holmes já matava antes da feira, mas a feira foi o que impulsionou ele a planejar seu hotel – chamado inclusive, de Hotel da Feira Mundial – e consequentemente, a matar mais gente.
No entanto, o livro é um pouco confuso, isso porque ele cita muitos nomes, todos os livros que contam histórias reais, normalmente fazem isso, mas aqui o autor cita o dobro, já que está contando duas histórias diferentes. Além disso, os capítulos de Holmes são bem mais interessantes do que os capítulos de Burnham.
É óbvio que O Demônio na Cidade Branca é um livro repleto de informações e que a pesquisa de Larson foi intensa, mas ele acaba se tornando um pouco cansativo, não só na parte de Burnham, mas também na parte de Holmes, já que a escrita é um pouco lenta. Embora ele seja um livro sobre crime real, ele é bem diferente dos livros desse gênero, ele não analisa tanto Holmes, já que a ideia é relacionar as duas histórias e a feira de Chicago.
De uma maneira geral, O Demônio na Cidade Branca é um livro que começa bem e que tem uma boa proposta, mas que com o tempo se torna lento, já que não se dedica totalmente nem a história de Burnham, nem a história de Holmes.
Título no Brasil: O Demônio na Cidade Branca
Título original: The Devil in the White City
Autor: Erik Larson
Tradução: Berilo Vargas
Gênero: Não ficção, História, Crime
Ano de lançamento: 2003
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 448
Foto: Fernanda Cavalcanti