“Todos nós somos um pouco loucos de vez em quando”.
Depois de roubar dinheiro do seu chefe, Marion Crane foge e acaba se hospedando no Bates Motel, comandando pelo estranho Norman Bates e pela mãe dele, que ninguém nunca vê.
Marion desaparece e nunca mais dá notícias para a sua irmã ou para o seu noivo, e os dois resolvem refazer os passos de Marion para entender o que aconteceu com ela.
Psicose é muito mais conhecido pelo filme de 1960, e também em função dele e de uma das cenas mais famosas da história do cinema, muita gente já conhece a trama antes mesmo de assistir o longa ou ler o livro. E o livro é bem parecido com o filme.
Psicose começa com Marion Crane, que em um ímpeto, rouba uma grande quantia de dinheiro de seu chefe e precisa largar tudo, e fugir. Marion sai em uma viagem de carro e em determinado momento para no Bates Motel, onde conhece o dono, Norman Bates. Bates não chama a atenção de Marion, ele é descrito como um homem estranho, que tem dificuldade de se comunicar, acima do peso e nem vagamente atraente.
Mas se Bates não é vagamente atraente, ele também não ameaça Marion, ela não se sente ameaçada por ele, e aceita ir jantar com ele, na casa que fica ao lado do motel, aonde Bates diz que vive com a mãe.
Marion desaparece e ninguém tem mais notícias dela, então o livro começa a ser narrado de outros pontos de vistas. Esse é um dos pontos interessantes de Psicose, ele não tem exatamente um protagonista, o livro é narrado por várias pessoas diferentes, dependendo da situação. No começo, a história se dá do ponto de vista de Marion, mas alguns momentos, são narrados pelos olhos de Norman Bates, e mais tarde, depois que Marion desaparece, a trama passa a ser narrada pela irmã e pelo noivo de Marion.
Outro ponto interessante é que Psicose, na verdade, acompanha um embate entre dois personagens que não se encaixam na figura de mocinho. Bates é, é claro, um psicopata, e Marion está bem longe de ser uma mocinha clássica, já que ela roubou dinheiro do seu chefe. O livro não julga muito o caráter de Marion, mesmo porque é inegável que Bates é o vilão da história, mas é legal que o livro não tente pregar um embate entre o mal completo e o bem completo.
O Bates do livro é bem diferente do Bates do filme, aqui ele é descrito como um homem esquisito, acima do peso, e nada atraente, bem diferente de Anthony Perkins, que interpretou Bates no filme de 1960, e que é a referência para todos os Norman Bates que vieram depois (como Freddie Highmore, que interpretou Norman Bates na série Bates Motel), mas o Bates do livro é um Bates que não ameaça Marion, o que facilita o proposito dele. Ele também se comporta como uma criança grande, dividido entre seus desejos e suas vontades e o que sua mãe lhe diz para fazer.
Norman Bates é inspirado no serial killer Ed Gein, que vivia em um sítio isolado, teve uma mãe dominadora e se vestia com roupas femininas. Claro que Psicose muda alguns aspectos da história, mas em muitos sentidos, Robert Bloch deixa a história real – que é super pesada – bem mais leve e mais palatável para uma audiência maior que não está tão acostumada com a leitura de livros sobre crimes reais.
A leitura de Psicose também é muito fácil e bem prazerosa, Bloch escreve bem e de maneira direta, ele não usa de metáforas ou de muita poesia para escrever, mas a trama está ali, e ela é por si só, muito impactante.
Talvez não seja mais tão surpreendente ler Psicose nos dias de hoje, já que todo mundo conhece a trama do filme e do livro de cabo a rabo, mas o livro ainda é muito instigante e prende a atenção do começo ao fim, os personagens são bem pensados e a trama, ainda que se saiba o final, é muito inteligente.
Título no Brasil: Psicose
Título original: Psycho
Autor: Robert Bloch
Tradução: Anabela Paiva
Gênero: Terror, Clássico, Thriller
Ano de lançamento: 1959
Editora: Darkside
Número de Páginas: 240
Foto: Fernanda Cavalcanti
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