George Orr vive em um mundo cheio de conflitos, superpopulação e instabilidade climática, e ainda por cima, ele percebe que seus sonhos são capazes de alterar a realidade. Desesperado, George procura ajuda com o Dr. William Haber, um psiquiatra que é especialista em sonhos.
Haber acredita em George e logo que o tratamento começa constata que ele pode usar o poder do homem em seu benefício, e começa a induzir George a sonhar o que ele deseja. O mundo então, começa a se alterar e Haber se torna cada vez mais poderoso.
A Curva do Sonho foi publicado em 1971, mas se passa em 2002, o que para a época de sua publicação era considerado o futuro. Portanto, a autora Ursula K. Le Guin imaginou um futuro distópico, mas que tem uma sombra do que já acontecia nos anos 70: no universo do livro, a humanidade enfrenta guerras frequentes, falta de saneamento básico, superpopulação e instabilidade climática.
O protagonista do livro, George Orr, descobre que seus sonhos podem alterar a realidade e algumas vezes isso é bom, mas como ele não pode controlar seus sonhos, em outras, essa habilidade é terrível. Ao longo da vida, George já tentou de tudo para evitar transformar a realidade, como ter pensamentos positivos na expectativa de que isso se refletisse nos seus sonhos, e evitar dormir, mas nada dá certo.
Ele busca a ajuda de um psiquiatra especialista, que diz ser capaz de ter acesso aos sonhos de George e através de hipnose e de uma máquina, ele começa a direcionar os sonhos de George para o que ele, Haber, quer.
É sempre interessante mergulhar em um livro com uma trama distópica e que coloca o leitor em outra realidade e a autora não passa muito tempo explicando como é essa realidade diversa, porque boa parte dos problemas que a humanidade enfrenta aqui são de fato, reais, e fazem ainda mais sentido nos dias de hoje. O que acontece em A Curva do Sonho é que a habilidade do protagonista parece ser a solução perfeita para todos os problemas do mundo, mas ela nunca é usada da maneira certa, primeiro pelo próprio George, incapaz de controlar seus sonhos, depois por Haber, que está mais interessado em poder do que em resolver outras questões.
Em alguns momentos, os sonhos de George até são direcionados para o caminho certo, mas eles sempre saem pela culatra, porque claro, é impossível prever as consequências do que ele sonha, como por exemplo, quando ele é direcionado a sonhar com a paz mundial, mas ela só se dá através de um ataque alienígena, que obriga a humanidade a se unir para lutar contra algo ainda mais perigoso.
A ideia do livro é bem instigante e soa original, ainda hoje. Tem muito espaço para trabalhar quando se pensa que é impossível controlar ou prever seus sonhos, já que eles são manifestações do inconsciente, e que portanto, George sofre e se sente culpado por uma série de coisas que acontecem no mundo, desde de coisas particulares que afetam apenas ele e aos seus próximos, até coisas grandes, que afetam o mundo.
As duas primeiras partes de A Curva do Sonho são ótimas e prendem a atenção rapidamente, é ótimo mergulhar nesse universo criado por Ursula K. Le Guin, e mais do que isso, ver o que vai acontecer a partir dos sonhos de George. A terceira e última parte, no entanto, se torna um pouco lenta.
O livro, por outro lado, é bem curto e a leitura é relativamente rápida, ainda que se alongue um pouco mais no final.
A Curva do Sonho parte de uma premissa genial e propõe cenários muito interessantes, a leitura vale a pena, mesmo que uma parte do livro não seja tão satisfatório quanto poderia ser.
Título no Brasil: A Curva do Sonho
Título original: The Lathe of Heaven
Autora: Ursula K. Le Guin
Tradução: Heci Regina Candiani
Gênero: Ficção Cientifica, Fantasia
Ano de lançamento: 1971
Editora: Morro Branco
Número de Páginas: 224
Foto: Fernanda Cavalcanti