“- Isso passará – continuava – passará, e muito mais rápido do que você pensa. Claro, eu fico triste. Imagino o que está sentindo agora mas também o invejo um pouco, sabe? Na vida, se alguém quer entender, entender verdadeiramente, como são as coisas neste mundo deve morrer pelo menos uma vez. Então, já que a lei é essa, melhor morrer quando jovem, quando se tem muito tempo pela frente, para se erguer e ressuscitar…entender quando velho é terrível, muito mais terrível”.
Narrado em primeira pessoa, por um jovem cujo o nome nunca ficamos sabendo, O Jardim dos Finzi-Contini acompanha esse rapaz fascinado pelos Finzi-Contini, uma família judia aristocrática da Italia, e sua paixão pela filha da família, Micòl.
Quando as leis raciais endurecem, e os judeus sofrem preconceito e banimento, os Finzi-Contini se isolam na sua mansão e passam a receber apenas poucos amigos, como o narrador e Giampi Malnate, um cristão com ideais comunistas.
O Jardim dos Finzi-Contini acompanha um grande período da vida de seus personagens, o livro começa quando o narrador é criança e conhece Micòl e seu irmão, Alberto e segue todos eles durante a adolescência e o começo da vida adulta, por isso, ele automaticamente também acompanha um grande período da história da Itália. A trama se passa no final dos anos 1930, e os perigos do fascismo e do autoritarismo são um dos principais assuntos da obra.
Giorgio Bassani apresenta como personagens principais uma abastada família judia, que vive em uma grande mansão na Itália, para o narrador, que está apaixonado por Micòl e encantado com toda a família e com seu estilo de vida, os Finzi-Contini são perfeitos, mas as leis raciais, que banem judeus da sociedade, logo chegam e afastam a família de todos, menos do narrador e dos amigos que ainda frequentam a casa. Desde o começo do livro, o leitor fica sabendo que toda a família morreu em um campo de concentração na Alemanha, então O Jardim dos Finzi-Contini é um livro que explora os efeitos da segunda guerra mundial e do holocausto na Itália.
A trama principal de O Jardim dos Finzi-Contini, no entanto, é a relação entre os personagens principais e o crescimento do narrador. O protagonista e os Finzi-Contini têm origens e vidas completamente diferentes, enquanto a família é extremamente rica e vive quase isolada em uma mansão, o narrador tem uma vida mais simples e é justamente por isso que ele fica encantado pela família. Micòl e Alberto, os filhos da família Finzi-Contini, diferente dos outros judeus da região, estudam em casa e vão à escola apenas para prestarem os exames anuais. É nesse momento que o narrador conhece Micòl, por quem ele se apaixona perdidamente. Micòl é descrita como bela, mas também é uma jovem, inteligente, divertida e gentil, o fato dela ser misteriosa e viver em uma mansão, também chamam a atenção do narrador, que fica seduzido pela vida dos Finzi-Contini.
Não é à toa que ele também se vê interessado pelo irmão de Micòl, Alberto, de quem rapidamente se torna amigo.
Micòl e o narrador então, passam por várias fases de uma relação que nunca parece satisfatória para nenhum dos dois. Ela parece querer ser só amiga dele, mas continua incentivando e estimulando o interesse dele e ele tenta sempre se declarar, mas nunca consegue e quando o finalmente faz, é rejeitado.
É óbvio que O Jardim dos Finzi-Contini é uma grande obra da literatura e que retrata um período importante da história mundial, de um ponto de vista que não é tão explorado, mas muitas vezes, a história é confusa e é difícil compreender tudo que acontece, o que naturalmente, torna a leitura um pouco arrastada.
O Jardim dos Finzi-Contini é um livro diferente, com mensagens importantes, mas que com o tempo, acaba se tornando parado e um pouco chato.
Título no Brasil: O Jardim dos Finzi-Contini
Título original: Il Giardino dei Finzi-Contini
Autor: Giorgio Bassani
Tradução: Maurício Santana Dias
Gênero: Clássico
Ano de lançamento: 1962
Editora: Todavia
Número de Páginas: 280
Foto: Fernanda Cavalcanti
Concordo com você, o livro se torna chato porque a trama amorosa é muito chata. Teria sido mais interessante explorar mais a relação entre a comunidade judaica e o regime fascista pre e pos leis raciais de 1938.
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Também acho que seria mais interessante se focasse mais nas questões políticas e que o romance ficasse em segundo plano.
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