Um velho (Andrade Júnior) matador de aluguel, comete seu último assassinato e resolve voltar ao Paraguai para encontrar sua filha, que ele nunca conheceu.
A trama principal de King Kong en Asunción é o retorno do velho para o Paraguai, mas o filme trata de alguns outros assuntos. Logo depois de matar sua última vítima, o protagonista do filme começa a repassar sua vida e se questionar sobre ela.
O velho não só pensa na sua vida pessoal, e nas pessoas que abandonou pelo caminho, como sua ex-esposa e sua filha, como também pensa nas pessoas que ele matou ao longo da vida. O filme inclusive volta até a infância do velho para que possa tentar explicar, como ele se tornou quem é hoje.

Outro assunto que King Kong en Asunción traz à tona são as relações familiares do velho e a mais importante delas é com a filha. O velho largou a família quando sua filha ainda era criança, e ficamos sabendo disso ao longo do filme.
Mas esse também parece ser um grande arrependimento do homem, que pensa nisso com bastante frequência.
Quando ele resolve voltar ao Paraguai, ele volta disposto a fazer as pazes com a filha, mesmo que esteja cheio de conflitos internos e que não faça ideia de como sua filha irá reagir ao retorno do pai.

É importante lembrar que King Kong en Asunción é um filme experimental e que por isso, não é muito linear e nem se preocupa em explicar o que mostra com muito zelo, muito do que o longa quer dizer precisa ser interpretado pelo telespectador e é essa mesma a proposta da trama. Nesse aspecto, ele tem sucesso no seu intento.
Ele certamente não se encaixa no estilo do cinema clássico e pode não agradar boa parte do público justamente porque não dá respostas fáceis e o telespectador precisa pensar e chegar as suas próprias conclusões.
Ele é narrado em voice-over, em terceira pessoa, por alguém que sabe, inclusive, o futuro e que em alguns momentos nos conta os desdobramentos das ações do velho e o que aconteceu depois do filme e que também nos conta, eventualmente, o passado desse homem enigmático.

O filme usa como cenários a Bolívia e o Paraguai e retrata a pluralidade dessas regiões, de suas culturas e de seus habitantes, ao mesmo tempo que une esses países. O filme tem também boas atuações como de Andrade Júnior e Fernando Teixeira.
Mas King Kong en Asunción também é um filme um pouco parado, justamente porque tem poucos diálogos e porque demora para mostrar qual é o seu mote ou para onde exatamente ele vai. King Kong en Asunción não é um filme ruim, mas ele parece ser pensado para um público bem restrito, que está acostumado com trabalhos mais filosóficos e com cortes mais lentos.
King Kong en Asunción é uma obra original, mas que perde quando se torna muito exclusiva. O longa estreia no dia 2 de setembro.
Título no Brasil: King Kong en Asunción
Título original: King Kong en Asunción
Direção: Camilo Cavalcante
Gênero: Drama
Nacionalidade: Brasil, Bolívia, Paraguai
Ano: 2020
Duração: 1h 30min
Elenco: Andrade Junior, Ana Ivanova, Juan Carlos Aduviri, Fernando Teixeira, Georgina Genes