João e Maria vivem com seu pai (Adriano Fanti) quando ele se casa com Célia (Ivan Parente), a quem as crianças logo passam a chamar de Mamãe Célia. Ela, no entanto, quer uma vida de luxos e já não aguenta mais as crianças e por isso, resolve deixá-las na floresta, na expectativa de que elas não retornem.

As crianças vagam até encontrarem uma casa feita de doces, onde uma bruxa (também interpretada por Ivan Parente) vive, o que eles não sabem é que ela se alimenta de crianças.

João e Maria, o Musical é inspirado no conto de fadas dos Irmãos Grimm, na ópera Hansel and Gretel, de Engelbert Humperdinck, e no filme perdido de Tim Burton, de 1992.

Todo mundo conhece a história de João e Maria, porque esse é um dos contos de fadas mais famosos, contos de fadas seguem sendo adaptados porque eles falam sobre questões universais, o que João e Maria, O Musical faz é modernizar – até demais – o conto.

A peça começa de maneira clássica, ainda que tenha um tom bem mais de comédia do que o conto original, e acompanha João e Maria, que acabaram de perder a mãe, mas vivem com o pai, um vendedor de vassouras pobre. O lugar não demora a ser preenchido, porque ele se casa com mamãe Célia, uma mulher ambiciosa, que sonha com coisas grandes, obviamente ela não consegue o que deseja e ainda se irrita com as crianças.

A partir daí, a história segue o ritmo tradicional e Célia manda as crianças para a floresta e eles encontram a casa de doces e a bruxa, que vive lá, que nada mais é do que uma outra versão de Célia.

Mas João e Maria, o Musical traz a trama quase que completamente para os dias de hoje, através das referências. A história se passa no universo dos contos de fadas, mas Célia tem um celular, conhece vários programas que existem na vida real, e menciona algumas celebridades, como Harry Styles.

Se por um lado, a peça fica mais próxima das crianças, que são o público-alvo, por outro, a mistura soa um pouco confusa para os adultos, já que mesmo obras que se passam no universo dos contos de fadas e fazem referências aos dias de hoje o fazem dentro de um contexto, como acontece por exemplo, nos filmes da série Shrek.

No entanto é preciso ter em mente que João e Maria, O Musical é uma peça voltada para o público infantil, e que por isso, a linguagem é bem infantilizada. A proposta é justamente essa.

É por isso que a peça tem um tom muito mais próxima da comédia do que do terror e evita todos os elementos sombrios da trama original ou mesmo de algumas das adaptações, até a possibilidade de a bruxa devorar as crianças é narrada de forma engraçada e não assustadora.

Para crianças a peça funciona bem, elas se divertem e conseguem se relacionar com aquela trama, uma vez que o musical fala de coisas e pessoas que elas conhecem. Para os adultos, por outro lado, João e Maria, O Musical soa um pouco bobo. Isso não é exatamente um problema, já que a peça é voltada para as crianças.

João e Maria, O Musical é inspirado na ópera de Engelbert Humperdinck, mas o musical não tem um tom sombrio, ele é bem leve e divertido, voltado mesmo para crianças. Ainda que ele não seja exatamente fiel ao conto de fadas dos Grimm, que é muito mais pesado e se assemelha a uma lenda urbana, é impossível apontar a origem dos contos de fadas e boa parte das adaptações não são fiéis a versão dos Grimm.

As músicas são originais e funcionam dentro do espetáculo, mas de uma maneira geral, são esquecíveis, nada é muito memorável no quesito musical. No entanto, é preciso destacar a qualidade do elenco de crianças, que cantam e dançam muito bem, e os cenários que são bem-feitos e bem imersivos. O musical é sim, bem pensado.

O grande destaque é Ivan Parente, divertidíssimo no papel de Célia, é impossível não rir com ele no palco. O resto do elenco principal também está bem, mas Ivan Parente rouba a cena todas as vezes em que aparece.

João e Maria, O Musical certamente não é um grande musical, do qual a audiência nunca vai esquecer, mas ele funciona dentro do que se propõe, e entretêm e diverte as crianças, que são o público-alvo.

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