Madeleine Verdier (Nadia Tereszkiewicz), uma jovem atriz, e Pauline Mauléon (Rebecca Marder), uma jovem advogada, dividem um apartamento, mas não tem dinheiro para pagar o aluguel e nem para comprar comida. Madeleine recebe uma proposta de emprego, mas quando faz o teste, acaba sendo assediada pelo produtor da peça e foge de lá as presas.

O homem é encontrado morto logo depois, e Madeleine se torna a principal suspeita. Ela diz que é inocente, mas Pauline a convence a alegar culpa e falar no tribunal que o matou por legitima defesa. Pauline atua como advogada de Madeleine, que não só é absolvida, alegando que se defendeu de um assédio sexual, como também se torna famosa e recebe uma série de propostas de emprego.

Mas logo a verdade sobre o crime vem à tona, e o reinado de Madeleine e Pauline é ameaçado.

Madeleine e Pauline

O crime

O Crime é Meu já começa deixando claro qual é tema do filme: um produtor de teatro poderoso foi morto e uma das protagonistas esteve na sua casa um pouco antes disso. O telespectador não sabe se Madeleine realmente cometeu o crime, o que vemos é ela saindo com pressa, chateada, arrumando as roupas, dando a entender que alguma coisa aconteceu, o que exatamente, não fica claro.

Depois disso a própria Madeleine conta para a melhor amiga e colega de quarto, Pauline, que foi assediada pelo produtor e que fugiu de lá sem conseguir o papel. Ao mesmo tempo, as duas estão sem dinheiro, e precisavam do futuro salário de Madeleine para pagar o aluguel.

Madeleine alega inocência, e diz que quando saiu da casa do produtor ele ainda estava vivo, mas Pauline tem uma ideia, que ela acredita que pode resolver o problema das duas: Madeleine deve se declarar culpada, Pauline será sua advogada no tribunal, onde a primeira alegará legitima defesa. A sua absolvição então, trará fama, empregos e muito dinheiro para as duas.

O Crime é Meu usa de elementos do policial para fazer comédia

O plano de Pauline dá certo, até que algo o ameaça.

A fama

Um aspecto interessante de O Crime é Meu é que embora o filme tenha aspectos de filmes policiais, ele se configura muito mais como uma comédia, já que tudo aqui é tratado de maneira muito irônica, em alguns momentos, até com deboche.

O filme trata o crime mais ou menos como acontece em Chicago, onde mulheres matam seus maridos, amantes e namorados, e ganham fama em função disso. Em O Crime é Meu, Madeleine confessa ter matado o produtor, alegando que apenas defendeu sua honra, claro que algumas pessoas ficam contra ela, mas Madeleine entrega uma atuação tão convincente no dia do julgamento, que ela é absolvida e sai de lá com uma fama inimaginável.

O filme trata de temas atuais

A ideia é realmente muito divertida, já que o natural seria tratar o crime como algo sério e a acusação de Madeleine, ainda mais sendo inocente, como um grande problema. Pauline e Madeleine, na verdade, se aproveitam do que o crime e um julgamento eventualmente, podem trazer a elas.

A grande questão do filme não é o crime, mas sim a possibilidade de que a história de Madeleine seja desmentida e tudo que ela conquistou seja retirado dela. Justamente por isso, o longa tem uma premissa bem original.

Aspectos técnicos

A primeira coisa que chama a atenção em O Crime é Meu é que o filme se passa nos anos 20, ainda que não seja dito exatamente em que ano, é possível notar através dos figurinos, cabelos e maquiagens, que são lindíssimos e que nos colocam dentro daquela trama. É interessante que ainda que o longa se passe nessa época, ele trabalha para a plateia atual e fala de questões que dizem respeito aos dias de hoje, como por exemplo, a questão do assédio a Madeleine, que é tratada como absurda em todos os momentos do filme, inclusive, o fato de Madeleine e outras mulheres não conseguirem emprego sem que se submetam a assédios é levemente comentado aqui. Outro assunto bem moderno em O Crime é Meu é uma leve insinuação da sexualidade de Pauline, que diferente da amiga, não se interessa por rapazes, mas parece se interessar por Odette Chaumette (Isabelle Huppert), uma atriz do cinema mudo.

O figurino é muito bem-feito

O Crime é Meu é diferente porque usa de elementos do suspense para fazer comédia, então questões que comumente seriam tratadas através de lentes mais pesadas, como o crime e até, em alguns aspectos, o assédio sexual, ganham uma retratação mais leve e com vários momentos divertidos. As piadas são bem mais irônicas do que pesadas, e funcionam muito bem, o filme é muito engraçado.  

A plateia também acompanha o longa de um ponto de vista não muito confiável, que é a própria Madeleine, não assistimos o que aconteceu na casa do produtor, sabemos apenas o que ela conta a Pauline, mas é impossível dizer com certeza se ela é tão inocente quanto diz, cabe a O Crime é Meu explicar como tudo se deu, com o tempo.

O Crime é Meu é muito divertido

O Crime é Meu conta com ótimas atuações, Nadia Tereszkiewicz está perfeita como Madeleine, ela é tão carismática, que é muito fácil embarcar na sua história, a plateia se afeiçoa dela rapidamente. Mas Rebecca Marder também se sai muito bem, já Fabrice Luchini interpreta um delegado não muito competente e nem muito honesto, que tira gargalhadas da plateia. Isabelle Huppert faz um papel pequeno, mas muito importante.

O Crime é Meu é um filme engraçado, que rapidamente prende a atenção, e que surpreende nas suas reviravoltas, mesmo que elas sejam muito mais divertidas, do que misteriosas. O filme chega aos cinemas no dia 6 de julho.

Título no Brasil: O Crime é Meu

Título original: Mon crime

Direção: François Ozon

Roteiro: François Ozon, Philippe Piazzo, Georges Berr, Louis Verneuil

Gênero: Comédia, Policial, Drama

Ano: 2023

Duração: 1 h 42 min

Elenco: Nadia Tereszkiewicz, Rebecca Marder, Isabelle Huppert, Fabrice Luchini, Dany Boon

Distribuidora: Imovision

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