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Eu Sou a Lenda, Richard Matheson

“Um homem pode se acostumar com qualquer coisa, se for obrigado a isso”.

Robert Neville é o único sobrevivente de um apocalipse vampiro, o resto da população mundial sucumbiu a uma praga para a qual não existe explicação ou cura. Neville sente falta da esposa e da filha, enquanto tenta entender o que causa a doença e porque ele não foi contaminado, e enfrente o perigo do dia a dia de conviver com criaturas sanguinárias que vivem na porta dele.

Eu Sou a Lenda é conhecido como o primeiro livro que retrata “o primeiro vampiro moderno”, isso porque antes da publicação do livro de Matheson, os vampiros da literatura eram aquelas criaturas clássicas, escritas durante a era vitoriana e que faziam parte de um mundo que não era o nosso. Eu Sou a Lenda, no entanto, se passa em uma cidade grande dos Estados Unidos e coloca o vampiro com os dois pés no terror urbano. O livro de Matheson de alguma maneira conecta o horror de autores clássicos como Bram Stoker e H. P. Lovecraft, com o horror de autores como Stephen King.

Os vampiros de Matheson no entanto, são muito diferentes do que o público conhece como vampiros ainda hoje, as criaturas que ele apresenta aqui parecem mais com o que reconhecemos como zumbis. Eles andam sem rumo, não são muito inteligentes, se guiam pela fome e se alimentam de humanos. Isso não tira o mérito da criação de Matheson, que embora seja um pouco simplista nesse sentido, tem pontos bem inteligentes: o vampirismo, por exemplo, se dá devido a uma praga que infectou toda a população, menos Neville, e ao mesmo tempo que as pesquisas do protagonista descobrem que algumas das tradições da literatura sobre vampiros realmente são verdadeiras, como por exemplo, a aversão a alho, Neville também entende que nem todos os vampiros tem medo de crucifixos, que essa é uma exclusividade dos vampiros cristãos e que um vampiro que antes era judeu não se afetaria pelo crucifixo.

Eu Sou a Lenda também tem todo um background científico, já que Neville está tentando entender porque ele não foi afetado pela praga e como ele pode descobrir uma cura para o vampirismo, fazendo pesquisas, inclusive com seu próprio sangue. Ao mesmo tempo, Neville cita que está lendo Drácula, de Bram Stoker, o maior clássico da literatura vampiresca, embora o vampiro retratado no livro não tenha absolutamente nada a ver com a criatura que Neville enfrenta.

A trama em si pode parecer batida para os dias de hoje, já que muita coisa parecida foi feita depois de Eu Sou a Lenda, mas para 1954, ano em que o livro foi publicado, ele era realmente inovador, mais do que isso, a obra de Matheson inspirou uma série de outras obras sobre apocalipse zombie que surgiram depois.

Quando se lê a sinopse, a impressão que se tem é que Eu Sou a Lenda é um livro parado, justamente porque ele passa boa parte do tempo acompanhando Neville sozinho e retratando os pensamentos do protagonista, mas a obra é muito interessante e a leitura é rápida e bem prazerosa. A trama é diferente ainda nos dias de hoje e a narração tem uma espécie de descompromisso, como se narrasse um dia a dia comum, ainda que Neville esteja em uma situação limite.

A questão do celibato a qual Neville é obrigado e que perturba o personagem durante bastante tempo, e mais tarde faz com que ele tome decisões erradas e precipitadas, pode desanimar um pouco, mas não estraga o livro, já que essa questão, ainda que minoritária diante do cenário que Neville enfrenta, tem uma certa relevância.

Ainda que Eu Sou a Lenda se destacasse só pela sua importância para o gênero do terror, ele já seria relevante, mas a adição da boa trama e do protagonista que é fácil acompanhar, fazem do livro uma obra divertida e assustadora na mesma medida e provam o talento de Matheson.

Título no Brasil: Eu Sou a Lenda

Título original: I Am Legend

Autor: Richard Matheson

Tradução: Delfin

Gênero: Terror, Ficção Cientifica

Ano de lançamento: 1954

Editora: Editora Aleph

Número de Páginas: 384

Foto: Fernanda Cavalcanti

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3 comentários em “Eu Sou a Lenda, Richard Matheson”

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