Eddie Turner (Joe De Sue) voltou do Vietnã sem as duas pernas e os dois braços, depois de pisar em uma mina. Sua noiva, Winifred Walker (Ivory Stone) acha que seu antigo professor, Doutor Stein (John Hart) pode ajudar Eddie, já que o médico desenvolveu uma pesquisa sobre o DNA e que foi capaz de curar algumas pessoas usando essa técnica.

Eddie topa passar pelo procedimento, mas o ajudante de Stein, Malcomb (Roosevelt Jackson), que está apaixonado por Winifred, injeta a substância errada e Eddie se transforma em um monstro violento e sanguinário.

Blackenstein, também conhecido como Black Frankenstein, é vagamente inspirado no livro Frankenstein, de Mary Shelley.

Blackenstein é um terror Blaxploitation, que tenta surfar no sucesso de Blácula, o Vampiro Negro, inspirado obviamente em Drácula, de Bram Stoker, e que usa de ideias bem parecidas, como a adaptação de um clássico da literatura do terror e o uso de monstros dos filmes de terror clássico da universal, mas com protagonistas negros.

O longa então, segue Eddie, que acabou de voltar mutilado do Vietnã e resolve participar de um experimento, já que não tem mais nada a perder e o Doutor Stein realmente parece ser bom no que ele faz, tudo dá errado, no entanto, quando o assistente de Stein, apaixonado pela noiva de Eddie, aplica outra substância em Eddie e o transforma em um monstro. O monstro, no caso, se assemelha a um neanderthal, e com o tempo vai perdendo seu pensamento humano e se tornando cada vez mais violento.

É impossível dizer que Blackenstein é uma adaptação fiel da obra de Shelley, ele não é sequer uma modernização da trama original, já que Frankenstein não tem um monstro violento, que mata por matar e que “não tem consciência humana”, a obra questiona, na verdade, a consciência humana de Victor Frankenstein, o criador e não da criatura, e deixa para o leitor chegar à conclusão de quem realmente é o monstro. Blackenstein nem sequer pensa em questões como essas, por outro lado, boa parte das adaptações de Frankenstein fazem a mesma coisa e preferem nos apresentar um monstro assustador – que nem é vagamente realista, uma vez que o monstro do livro é feito de cadáveres, então seria uma pessoa comum, com vários cortes e costuras, e não um monstro gigantesco e verde -, com sede por sangue.

O que é mais estranho em Blackenstein é que ele tem poucos questionamentos em relação a racismo, como normalmente acontece em outros filmes Blaxploitation, o que vemos em tela é um homem negro interpretando Frankenstein, sem mais nenhuma problematização ou metáfora. A representação é importante, inclusive quando falamos dos monstros clássicos do cinema? Claro, mas Eddie ainda é uma espécie de vilão, que é violento e sanguinário, mesmo que seja contra a sua vontade, quando poderia, como no Frankenstein original, ser a vítima de um médico, que é branco, com complexo de Deus. Mas nesse sentido, o filme tem alguns pontos positivos, como o fato de Winifred, a noiva de Eddie, ser uma mulher negra e cientista, o que é muito moderno e atual.

Não é que Blackenstein seja um filme ruim, ele nem parece ter sido feito com a intenção de ser um grande filme, com um grande roteiro e com efeitos interessantes, a ideia parece ser fazer um filme trash, que venda ingresso apenas pela suposta relação com outros filmes dentro do subgênero, mas ele perde a chance de ser muito mais. No máximo, ele pode ser uma boa diversão e distrair o telespectador por algumas horas, especialmente para quem gosta de terror e de filmes trashs.

Blackenstein não é uma boa adaptação da obra de Shelley, o que por si só, não é um problema, uma vez que os filmes clássicos da Universal também não são e que a criação de Shelley a muito tomou caminhos muito diversos do que a criadora imaginou originalmente, mas também não é um filme especialmente inspirado, já que não consegue perceber a importância que teria se fosse um pouco mais bem pensado.

Título no Brasil: Blackenstein

Título original: Blackenstein

Direção: William A. Levey

Gênero: Ficção Cientifica, Terror

Ano: 1973

Duração: 1h 27 min

Elenco: John Hart, Ivory Stone, Joe De Sue, Roosevelt Jackson, Andrea King

Uma resposta para “Filme: Blackenstein, 1973”.

  1. […] uma adaptação de Drácula, de Bram Stoker, e que ganhou uma série de outras adaptações, como Blackenstein, e o terror é um gênero que permite falar de questões sociais e preconceitos através de tramas […]

    Curtir

Deixe um comentário

Resenhas