Castle Rock é uma pequena cidade no Maine, onde uma série de histórias estranhas e assustadoras acontecem. Fatos sobrenaturais e sem qualquer explicação unem o passado e o presente, e afetam vários personagens que vivem ali.

Castle Rock é uma série que se passa no universo de Stephen King.

A primeira coisa que é preciso ser dita sobre Castle Rock é que a série não é uma adaptação de nenhuma obra de King, ela apenas se passa no universo criado pelo autor. Castle Rock é uma cidade fictícia, criada por King, que foi cenário de várias histórias do autor como Cujo, A Zona Morta, Troca Macabras e alguns contos.

Na série, a ideia é usar esse cenário, mas desenvolver outras histórias, que de certa maneira se conectam com os personagens e tramas de King, mas que não foram escritas por ele.

A primeira temporada de Castle Rock acompanha, por exemplo, Henry Matthew Deaver (André Holland), um advogado criminal, que foi criado na cidade, mas saiu depois que alguns boatos acusavam ele de ser responsável pela morte de seu pai adotivo (Adam Rothenberg), ele volta já adulto e reencontra sua amiga de infância, Molly Strand (Melanie Lynskey), que é telepata.

Já na prisão da cidade, um homem (Bill Skarsgård) é encontrado em uma cela secreta, ele não sabe seu nome e nada sobre si mesmo, e aparentemente está preso no local a vinte e sete anos, sem que ninguém saiba da sua existência, mas sua aparência ainda é a de um homem de mais ou menos trinta anos. Ele também possui poderes.

Jackie Torrance (Jane Levy) é uma aspirante a escritora, que sabe muito sobre o passado da cidade, ela é sobrinha de Jack Torrance, personagem de O Iluminado, e usa o sobrenome do tio.

A história desses personagens e de alguns outros começam pouco a pouco a se cruzar, e o clima da cidade vai pouco a pouco ficando mais estranho.

Castle Rock trabalha com uma série de questões fantásticas, como a história do homem que está preso a muito tempo, ou os poderes de Molly, mas não deixa muito claro como essas histórias se conectam para além do que é óbvio.

Para os fãs de King ou qualquer pessoa que conhece o trabalho dele é fácil reconhecer elementos das suas obras que vão além da escolha da cidade. A série apresenta elementos mais discretos e alguns mais óbvios.

A existência de Jackie e o fato dela ser sobrinha de Jack Torrance, por exemplo, é um dos casos mais do que óbvios. Jackie não só é sobrinha de um personagem que existe nos livros de King, como também tem um nome parecido com o dele, quer ter a mesma profissão que ele e seu figurino lembra muito o de Jack Nicholson no filme de 1980, que é a imagem mais conhecida de Jack Torrance.

As outras referências são um pouco mais sutis: o poder do homem que é encontrado na prisão, por exemplo, é o mesmo do personagem John Coffey, de À Espera de Um Milagre, e a prisão é muito parecida com a que é retratada no conto Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank, do livro Quatro Estações.

É verdade que a ideia por traz de Castle Rock é bem interessante e que o universo de King é vasto o suficiente para que se possa fazer algo nesse gênero, o resultado, no entanto, é um pouco bagunçado. A série tem muitos personagens e muitas histórias e alguns deles parecem meio injustificados na trama, como a própria Jackie, que embora seja muito interessante, não tem muita desenvoltura na série.

Um ponto legal de Castle Rock é que boa parte do elenco é composto de atores que já estiveram em adaptações de livros de King: Bill Skarsgård foi Pennywise em It: A Coisa e It – Capítulo Dois, Melanie Lynskey esteve em Rose Red, Sissy Spacek é famosa por interpretar Carrie White, na primeira adaptação do romance e Chosen Jacobs interpretou Mike Hanlon em It: A Coisa e em It – Capítulo Dois.

A série tem outras boas atuações, como a da própria Jane Levy e a de Noel Fisher, que interpreta um dos guardas da prisão.

Também é importante ressaltar que diferente de várias obras de King, Castle Rock não mergulha completamente no terror, os acontecimentos são mais insinuados do que mostrados, e a sensação que se tem é que tem alguma coisa estranha acontecendo naquela cidade, mas é bem difícil apontar exatamente o que. A série não é pesada e nem violenta, o que faz dela, uma boa opção até para quem não gosta tanto assim de terror.

O seu desenvolvimento, por outro lado, é um tanto quanto lento e vai ficando ainda mais devagar com o tempo. Como é difícil definir quem exatamente é o protagonista da atração, o telespectador também não sabe para quem torcer ou quem acompanhar, uma vez que quase todos os personagens têm mais ou menos o mesmo tempo de tela.

A fotografia e os figurinos escuros ajudam a aumentar essa sensação de afastamento da história. Diferente de tramas como as de A Coisa ou O Corpo, conto de Quatro Estações, onde também acompanhamos cidades pequenas com manifestações estranhas e habitantes frios e distantes, mas onde nós sentimos bem-vindos, pelo menos, no grupo de amigos protagonistas, a cidade da série Castle Rock ou as pessoas que vivem lá não são calorosas.

Embora parta de uma boa premissa e tenha um grande universo para explorar, Castle Rock se perde nos seus personagens e nas suas tramas e acaba deixando o espectador perdido e entediado.

Título no Brasil: Castle Rock

Título original: Castle Rock

Elenco: André Holland, Melanie Lynskey, Bill Skarsgård, Jane Levy, Sissy Spacek

Gênero: Terror, Suspense, Drama

Duração do episódio: 42min

Número de episódios: 10

Ano: 2018

2 respostas para “Castle Rock (1ª Temporada)”.

  1. […] Buick 8 é um livro que retoma elementos comuns da obra do autor e isso acontece com frequência nas obras de King. Aqui não só o carro é o principal elemento da trama, como já vimos em outros trabalhos do autor, como também somos apresentados a criaturas que não parecem ser desse mundo, o que também está presente no conto O Nevoeiro, do livro Tripulação de Esqueletos. Isso pode soar repetitivo, mas quando se olha toda a carreira de King, é possível notar que ele parece relacionar suas obras, como se elas fizessem parte de um universo único, onde alguns elementos, lugares e até personagens se repetem, essa ideia foi até explorada pela série Castle Rock. […]

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  2. […] Jerusalem’s Lot, prequela de Salem, que está presente no livro Sombras da Noite. A série Castle Rock, que explora o universo de Stephen King, também faz referências a […]

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