Depois que descobre que está grávida, Offred (Elisabeth Moss) cai nas graças de Fred (Joseph Fiennes), sua esposa, Serena (Yvonne Strahovski) e Tia Lydia (Ann Dowd), mas mesmo assim consegue fugir de Gilead, para logo depois ser pega novamente.
Como ela está grávida, matá-la não é uma opção, então ela pode escolher entre ter o bebê e então ser morta ou ter o bebê e continuar sendo aia de Fred e Serena e Offred escolhe a segunda opção. Ela volta a viver com os dois enquanto espera o nascimento do bebê, ao mesmo tempo que tenta encontrar Hanna (Jordana Blake), sua primeira filha.
O Conto da Aia é inspirada no livro de mesmo nome de Margaret Atwood.

Embora os personagens e a história central de O Conto da Aia sejam realmente inspirados no livro de Atwood, a segunda temporada, já mostra fatos que estão presentes na obra, isso porque a primeira temporada cobre praticamente todo o livro. A segunda temporada então, se baseia em muitos elementos do trabalho de Atwood, mas não é exatamente uma adaptação – mais tarde, Atwood escreveria Os Testamentos, uma continuação de O Conto da Aia, que tem elementos muito parecidos com os da segunda temporada da série, inclusive, a própria autora diz que teve a ideia para escrever a continuação depois de ver a atuação de Ann Dowd como Tia Lydia-.
No final da primeira temporada, descobrimos que Offred está grávida de Fred e que, portanto, conquistou tudo que uma aia deve conquistar. Offred, como todas as mulheres vivendo no regime de Gilead, não está satisfeita e não só quer dar à luz a seu filho longe de Fred e Serena, o casal que ficará com a criança, como quer encontrar sua filha, Hannah, que foi tirada de sua custodia assim que o regime se instaurou.
Acompanhamos então, a vida de Offred como aia, onde ela precisa tomar a decisão de voltar a ser aia, enquanto espera o nascimento de seu bebê, e o passado de Offred, quando ela ainda era June e respondia sobre as decisões que ela tomava e sobre seu próprio corpo. Através dos flashbacks ficamos sabendo mais sobre o casamento de June com Luke (O. T. Fagbenle), sua amizade com Moira (Samira Wiley) e sua relação com a mãe, Holly (Cherry Jones).

A plateia pode fazer uma comparação entre como era a vida de June, uma mulher independente, que trabalhava e que decidia por si mesma, e a vida de Offred, que como o próprio nome diz – Of Fred, ou seja, de Fred – pertence a um homem e não tem direito a tomar decisões nem sobre seu próprio corpo, que agora funciona como uma incubadora, já que está disposto a matá-la, mas faz questão de proteger o bebê que ela está gerando, deixando claro que a vida que importa é a do bebê que ele carrega. A série também mostra flashbacks de outros personagens, como Emily (Alexis Bledel), que atualmente é uma aia, mas que antes era uma professora universitária admirada, casada com outra mulher (Clea DuVall) e mãe de um filho (Charlie Zeltzer).
Outros personagens ainda ganham destaque, como Nick (Max Minghella), um empregado de Fred, que está apaixonado por June, mas que nessa temporada “ganha” uma esposa adolescente, Eden (Sydney Sweeney), que também aparece bastante nessa temporada.
Um ponto bem interessante da segunda temporada de O Conto da Aia é que a série deixa claro que a repressão de Gilead afeta todas as mulheres, inclusive, as ricas e privilegiadas, e que parecem estarem em total controle de si mesmas ou estarem satisfeitas com a maneira com que vivem. As aias são obviamente as mulheres que mais sofrem nesse regime terrível, afinal, elas são estupradas constantemente e obrigadas a deram à luz a bebês que depois darão para as esposas de seus comandantes, mas Eden, que foi praticamente criada no regime e que não conhece outro tipo de vida, não entende por que Nick não tem interesse nela e acredita que tem algo de errado com ela, ela também é punida por ler a bíblia, já que as mulheres são proibidas de lerem em Gilead. Serena, a esposa de Fred, que, na teoria, está no ponto mais alto da cadeia alimentar nessa sociedade, também deve obedecer a seu marido, também não pode ler, também não pode estudar, ou ter seu próprio dinheiro e como Eden, é punida quando sugere que as próximas gerações de mulheres deveriam poder ler a bíblia.

Se na primeira temporada, Serena parecia concordar com o regime de Gilead, nessa ela se mostra não muito satisfeita, só não sabemos se ela também só notou agora que o regime é terrível para todas as mulheres ou se ela, como todas as personagens femininas da série, não tem outra escolha.
A segunda temporada se sai bem e é uma boa continuação para a primeira temporada e em certa medida, para o romance de Atwood, mas ela se alonga um pouco e é um pouco mais lenta que a temporada anterior, alguns episódios, por exemplo, não são tão interessantes quanto outros e o meio da série tem uma grande barriga, onde esperamos, aparentemente, eternamente para que Offred dê à luz.
O Conto da Aia ainda é uma grande produção, com uma trama interessante e que fala com a sociedade, mas como a segunda temporada ainda tem o trabalho de criar tramas a partir do trabalho de Atwood, que é exemplar, é natural que ela seja mais fraca que a anterior, já que essa segunda temporada precisa se adequar a uma série de regras daquele universo, enquanto propõe novas tramas.
O Conto da Aia também ganha muito com suas atuações, o elenco é muito afiado. Joseph Fiennes, Yvonne Strahovski e Alexis Bledel se saem muito bem, a atuação de Sydney Sweeney também se destaca, já Ann Dowd está perfeita como Tia Lydia, uma das personagens mais assustadoras e repugnantes da série. Mas claro que o destaque maior é de Elisabeth Moss, que é a protagonista e está perfeita como June.

É bom ressaltar que O Conto da Aia é uma série pesada e cruel, especialmente com suas personagens femininas, ela exagera temas que estão presentes na sociedade e que muitas vezes, parecem estar até bem próximos de nós, apesar de O Conto da Aia ser considerado uma distopia e não uma história realista. Quando a série e Atwood nos colocam nesse lugar terrível, onde mulheres não tem direitos básicos, e onde as mulheres férteis servem literalmente como incubadoras para homens ricos, fazem com que o telespectador consiga olhar o para o fato de que na vida real, as mulheres também não têm direitos totais aos seus corpos e as suas escolhas e isso inclui, as mulheres que concordam com o sistema machista e que defendem que esse sistema seja mantido.
A segunda temporada de O Conto da Aia não é melhor que a primeira, mas faz um bom trabalho em continuar o trabalho genial de Atwood, ao mesmo tempo que traz algumas novidades para a trama e mantém o clima da obra original.
Título no Brasil: O Conto da Aia
Título original: The Handmaid’s Tale
Elenco: Elisabeth Moss, Joseph Fiennes, Yvonne Strahovski, Alexis Bledel, Madeline Brewer
Gênero: Drama, Thriller
Duração do episódio: 50 min
Número de episódios: 13
Ano: 2018
2 comentários em “Série: O Conto da Aia (2.ª temporada), 2018”